desgosta também profundamente que considere que eu compreendo mal as comissões de trabalhadores. Provavelmente, o Sr. Deputado compreendeu-me mal porque está sentado demasiado atrás e eu estou aqui sentado demasiado à frente. Mas, aliás e sinceramente, não tenho quaisquer complexos em relação aos trabalhadores. Não sou um burocrata nem um teórico do mundo do trabalho, sempre me dei bem com trabalhadores, sou filho de trabalhadores, sempre trabalhei e, às vezes, tenho a impressão de que o Sr. Deputado ...

O Sr. Acácio Barreiros (UDP): - Também pertence a uma comissão de trabalhadores ...

Risos do PCP.

O Orador: - ... fala só!

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Até parece que vocês todos são muito trabalhadores ...

Vozes de protesto do PCP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, queiram fazer o favor de não interromper.

O Orador: - O Sr. Deputado, provavelmente, emprega demasiado a expressão "trabalhadores" para lhe conhecer o significado real e talvez por conhecer demasiado o significado literário e o significado livresco. O Sr. Deputado tirou essa palavra dos livros de Marx e eu tiro essa palavra da realidade de todos os dias, da minha própria realidade.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Eu falo dos trabalhadores que trabalham, não falo apenas dos trabalhadores entre aspas, não de um qualificativo.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - E quando falo de poderes de trabalhadores tenho pena de que nós não tenhamos dado realmente aos trabalhadores de Portugal um poder real e lhe tenhamos dado apenas um puro poder livresco, do tipo desse a que o Sr. Deputado com certeza está a fazer referência.

Depois, quando fala dos conflitos com o Partido Socialista, eu podia responder-lhe, enfim, do ponto de vista do conteúdo, mas o Sr. Deputado faz mal em ser um puro espevitador, em reacender fogos apagados e em viver dos conflitos dos outros. Isso é parasitarismo político.

Aplausos do CDS e de alguns Deputados do PS.

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Aires Rodrigues pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - Sr. Presidente, é para um protesto, naturalmente. O Sr. Presidente compreenderá ...

O Sr. Presidente: - Não compreendo, não, Sr. Deputado Aires Rodrigues. Mas faça favor.

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - Sobre a primeira parte da intervenção do Sr. Deputado Lucas Pires, devo dizer que se meteu por um terreno, de facto, muito deslizante.

Vozes do CDS: - Para si, Sr. Deputado.

facto, um poder real que os trabalhadores sentem. É que, quando eles verificaram que poderiam intervir no processo produtivo e impedir a sabotagem económica, isso não era um poder livresco, era um poder real; quando os trabalhadores paralisaram planos de sabotagem engendrados pelas entidades patronais, não era um poder livresco, era um poder real. E é esse poder real que o Sr. Deputado, através desta lei - que é não só contraditória com toda a politica que o PS sempre defendeu e pela mesma razão pela qual o Sr. Deputado é contra o PS e contra o socialismo - defende tão calorosamente .

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Lucas Pires, para um protesto.

O Sr. Lucas Pires (CDS): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Pedi a palavra só para frisar que tudo