É o que se pretende. Pretendem dominar tudo e todos, esquecendo-se de outras forças políticas que, mesmo minoritárias, devem ter possibilidade de interferir na vida do seu país. Agora chega-se até ao extremo de afirmar que um partido, ao apresentar propostas a outro partido e ao seleccionar duas de entre elas por as considerar essenciais, está a fazer nada mais, nada menos, do que chantagem política. 15to, Sr. Deputado Sérgio Simões, não é digno de ser dito numa Câmara democrática como é esta.

Aplausos do PSD.

A grande realidade, importa que seja dito - e não o seria se não fôssemos provocados - , é a de que o Partido Socialista, como um Deputado seu deixou escapar, por imprudência, na Comissão de Trabalho, não quer o método maioritário, porque, se assim fosse, metade das comissões de trabalhadores seriam para o PCP e a outra metade para o PSD, não podendo nem o PS nem o CDS pôr nelas elementos.

Aplausos do PSD e protestos do PS e de alguns Deputados do CDS.

O Sr. Presidente: - Bem, agora concedo a palavra ao Sr. Deputado Sérgio Simões para que possa contraprotestar em relação a um protesto de um outro Sr. Deputado.

O Sr. Sérgio Simões (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Serei muito breve.

O Sr. Presidente: - Peço-lhe que seja, de facto, breve, Sr. Deputado.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Desculpe, Sr. Presidente, mas o meu colega Furtado Fernandes foi impedido de fazer o protesto a propósito das declarações do Sr. Deputado Sérgio Simões. Sendo assim, penso que, por correspondência, também o Deputado Sérgio Simões deve ser impedido de fazer novo protesto.

O Sr. Presidente: - Mas o Sr. Deputado Sérgio Simões pretende é fazer um protesto relativo à sua intervenção, Sr. Deputado Amândio de Azevedo. Portanto, eu não posso negar-lhe a palavra.

Faça o favor, Sr. Deputado Sérgio Simões.

Protestos do PSD.

O Sr. Sérgio Simões (PS): - Muito rapidamente, eu queria dizer ao Sr. Deputado Amândio de Azevedo e ao PSD o seguinte: quando um partido apresenta a um outro cerca de trinta propostas, selecciona duas e diz que, se não aceitarem essas duas, não votam esta lei, isto não tem outro nome senão chantagem política.

Aplausos do PS.

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - É só para lamentar que o Sr. Deputado Sérgio Simões continue com total ignorância acerca do que é chantagem, ao reincidir no seu erro.

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - Na arrogância!

Protestos do PS.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Peço a palavra.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado José Luis Nunes pede-me a palavra, mas, se isto continua assim, nunca mais saímos deste ponto da ordem de trabalhos.

O Sr. José Luís Nunes (PS): - Pronto, Sr. Presidente, desisto do uso da palavra.

O Sr. Presidente: - Sendo assim, tem a palavra o Sr. Deputado Vital Moreira para uma declaração de voto.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Não, Sr. Presidente, eu pedi a palavra para um protesto.

O Sr. Presidente: - Faça o favor, Sr. Deputado.

como há um ano nos recusámos a votar uma lei inconstitucional, voltámos a fazê-lo agora por maioria de razão. Porém, o que é curioso é que o Sr. Deputado Sérgio Simões se tenha permitido imaginar quais foram as razões por que o PCP votou contra, por que o PSD se absteve e se tenha abstido de justificar por que é que o CDS votou a favor deste decreto-lei. Será porque, tal como o PS, o CDS também entende que esta lei era favorável às comissões de trabalhadores? Será porque, tal como o PS, o CDS também aprova que esta lei é efectivam ente uma garantia dos direitos das comissões de trabalhadores e que o controle de gestão é um contra governo ao poder patronal da empresa? Qual é o trabalhador português que acredita nisto?

Vozes do PCP: - Muito bem!

Protestos do PS.