Relativamente à guerra do dualismo escolar, não disse que ela existia, mostrei perplexidade e preocupação de que se criasse essa guerra escolar entre nós. E parece que, no fundo, essa guerra escolar é extremamente anacrónica, é realmente algo que está ultrapassado, ...

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Estamos de acordo!

Risos do PSD.

Relativamente à escola paralela e ao paralelismo escolar, lamento novamente dizer-lhe, Sr. Deputado Pedro Roseta, que continua com uma concepção que na minha intervenção desejei ver ultrapassada. Não se trata de paralelismo escolar, trata-se, sim, de um sistema nacional de educação onde não há escolas paralelas, mas escolas complementares, várias escolas que correspondem a situações e a pessoas diferentes. Não se trata de uma e de outra via, trata-se de várias vias, de um pluralismo de vias. E hoje, aqui mesmo, o Sr. Deputado continua a perguntar-me se sou ou não pelo paralelismo escolar. É evidente que já tive ocasião - através da minha intervenção - de explicar esse assunto.

Depois o Sr. Deputado diz que está de acordo comigo quando eu, na parte final da minha intervenção, apelo para que se crie uma escola aberta. Então, Sr. Deputado, proceda-se como tal nas escolas particulares, então deixe-se que nas escolas particulares haja confrontação ideológica, ...

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Apoiado!

A Oradora: - ... então deixe-se que nas escolas particulares haja realmente professores que também possam manifestar as suas ideias relativamente a vários temas controversos.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Muito bem!

A Oradora: - Isso é que é uma escola aberta. A escola aberta é uma escola em confrontação e essa confrontação tem de existir tanto nas escolas públicas, que também não podem, como eu disse aqui, ser fechadas a uma política, transmitindo apenas o ideário tecnocrata, como nas escolas particulares. E não posso conceber uma educação onde realmente não se desenvolva o espírito crítico, onde não se formem cidadãos com espírito critico, capazes de ser sensíveis a todas as injustiças. E isso passa, realmente, pela confrontação.

Vozes do PS: - Muito bem!

A Oradora: - Finalmente, o Sr. Deputado Pedro Roseta pergunta-me se em países democráticos, onde existe uma aceitação ou uma extensão ampla do sistema de escolas particulares, essas escolas particulares não contribuíram para um dinamismo da escola pública. Sr. Deputado, nos países democráticos há muitas situações diferentes relativamente à escola particular e à escola pública. Sr. Deputado, também já tive ocasião de recordar que a problemática está de tal maneira ultrapassada em alguns países - nomeadamente refiro-me à Alemanha e à Bélgica que hoje não se fala em escola pública privada, fala-se, sim, em escolas nacionais. É evidente que o dinamismo proveio da qualidade de ensino das escolas. 0 dinamismo não provém do facto de haver escolas particulares ou dirigidas por entidades particulares e outras escolas que financeira e administrativamente dependem do Estado. 0 dinamismo escolar provém, realmente, da capacidade de as escolas não estarem sujeitas a uma estrutura social, económica e política, de escolas onde se seja capaz de se levar aos jovens a possibilidade de criar um novo mundo, que não apenas aquele que nós lhes deixámos.

É apenas isto que tenho a dizer, Sr. Deputado.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Para que efeito é que o Sr. Deputado deseja usar da palavra?