gerado, nos fins do ano passado, um movimenio de candidaturas de Jorge de Sena ao Prémio Nobel de Literatura, com origem em alguns intelectuais ingleses e portugueses.

Queria simplesmente salientar ainda que, tendo sido professor em duas Universidades brasileiras e em duas Universidades americanas, ele viu no seu tempo encerradas as portas da Universidade portuguesa, sendo desse modo, e não só, uma das vítimas da repressão cultural do fascismo, do espírito de casta e de mediocridade intelectual que gerou essa repressão e das manipulações e manobras de alguns dos mentores dessa Universidade que hoje alguns tendem a apresentar-nos como valor ou modelo a continuar.

Finalmente, queria sublinhar que Jorge de Sena foi um combatente antifascista, não só como cidadão, mas mesmo através da sua obra, e que em diversos momentos lutou lado a lado com os comunistas e com outros democratas.

Por todas estas razões, consideramos importante que a Assembleia da República venha a aprovar estes votos de pesar.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Oliveira Dias.

O Sr. Oliveira Dias (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Na primeira sessão desta Assembleia depois que a morte afastou Jorge de Sena do nosso convívio, o Grupo Parlamentar do CDS associa-se, muito sentida e sinceramente, à homenagem que esta Câmara lhe vai prestar, às condolências que entendemos deverejri ser apresentadas à sua família e às iniciativas tendentes à trasladação dos seus restos mortais para Portugal. Bem o mereceu, bem o merece Jorge de Sena!

Cidadão exemplar de aprumo, que as contingências da vida e as dificuldades na pátria fizeram andar de terra em terra e que por onde quer que passou ateou focos de desenvolvimento da cultura portuguesa, o poeta, o ensaísta, o professor que atingiu padrões dos mais elevados entre os mestres das letras portuguesas e no estudo da cultura ibero--americana, o português universalizado que tudo acabava por referenciar à pequena pátria e dedicar aos seus compatriotas, a sua lição e o seu exemplo devem permanecer.

O CDS é particularmente sensível aos problemas relacionados com o ensino e a difusão da língua e da cultura portuguesas no mundo. E sendo certo que essa difusão é feita, mal ou bem, mas por todos os portugueses, descendentes de portugueses e amigos de Portugal, por esse mundo além, no seu viver quotidiano, é certo também que há figuras que nessa tarefa adquirem proeminência singular. Não sei, neste momento, de outra pessoa que nessa tarefa eminentemente universal e portuguesa fosse reconhecida como tendo a projecção que adquiriu Jorge de Sena, mercê do seu trabalho e do seu talento. Esse um passo importante da lição que nos deixou e mais uma razão para nos associarmos sentidamente à homenagem que foi proposta.

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Deputada Carmelinda Pereira.

A Sr.ª Carmelinda Pereira (Indep.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Jorge de Sena foi um homem de talento que sempre combateu o obscurantismo, a subserviência, a ignorância e a incultura.

Jorge de Sena pagou com o exílio esse combate contra a longa noite fascista. Jorge de Sena após o 25 de Abril continuou fiel aos princípios que regeram toda a sua vida.

Hoje, esta Assembleia prepara-se para aprovar dois votos de pesar pela morte de Jorge de Sena.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: É nossa intenção votar a favor desses dois votos.

No entanto, considero ser mais do que justo dizer o seguinte: julgo ser fiel ao combate de Jorge de Sena, quando hoje nesta Assembleia se vão votar dois votos de pesar pela sua morte, morte física, porque a sua obra continua viva, ao dizer que Jorge de Sena não queria simples votos de pesar. Queria, sim, que esta Assembleia, representação máxima da soberania do povo, pela qual ele sempre se bateu, assumisse diante do povo o mandato Jorge de Sena, não se está a cumprir a vontade popular pela qual Jorge de Sena tinha tanto respeito.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: A melhor maneira de honrar Jorge de Sena é prosseguir o seu combate contra a ignorância, a incultura, a subserviência, o conformismo e a adaptação medíocre à chamada política do possível.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Acácio Barreiros.