Quanto à questão da fixação do limite, questão que tanto ofende o Sr. Deputado, gostaria de perguntar se o Sr. Deputado tem a noção exacta de que, justamente, é no combate à fixação de limites para o crescimento dos sindicatos que o patronato e as forças que estão interessadas na divisão dos trabalhadores depositam as suas esperanças, com a criação, precisamente, dos sindicatos paralelos que, sem essa possibilidade, dificilmente conseguirão impor a divisão do movimento sindical. Ao fim e ao cabo, o que hoje se procura, em nome da liberdade sindical, é dividir o movimento sindical.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, também para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - Ena, tantas perguntas!

Uma voz do PCP: - Estás a tremer!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Deputado Furtado Fernandes, escutámos com muita atenção, e até com certa expectativa, o seu discurso, ...

O Sr. Amândio de Azevedo (PSD): - Sempre houve expectativa, de um lado e de outro!

fundamentada do projecto de lei do PSD. A nada disso assistimos. O Sr. Deputado assumiu-se na posição de isolamento em que o seu partido se encontra nesta Câmara, em que o seu partido se encontra no País. E dessa posição de isolamento o Sr. Deputado passa logo, por si e pelo seu partido, a atitudes que são do mais acabado totalitarismo. Pois não lhe parece - e refiro-me agora, por exemplo, ao seu partido - que são atitudes totalitárias o exigir que se inicie o processo de revisão da Constituição fora do que a própria Constituição estabelece a este respeito? Não lhe parece que é uma atitude totalitária do seu partido reclamar-se a realização antecipada de eleições para a Presidência da República, quando isso contraria frontalmente o texto constitucional? E, em relação ao seu próprio discurso, não lhe parece que é uma atitude totalitária, da sua parte, à falta

de melhores argumentos, não respeitar os resultados das eleições sindicais? Refiro-me, por exemplo, às realizada s neste último ano, por voto secreto, em que têm concorrido listas que têm o apoio do seu próprio partido e que, na maior parte dos casos, têm sido derrotadas. Não lhe parece também que é uma atitude totalitária, da sua parte, à falta de melhor argumento, invocar acordos secretos entre o PCP e os partidos que apoiam o Governo?

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - Fazê-los é que é!

O Orador: - Não será isso o quebrar de um certo verniz democrático com que o Sr. Deputado Furtado Fernandes se apresenta ao País e o vir ao de cima de uma profunda concepção totalitária que é a sua e de grande parte de elementos do seu partido?

Depois, Sr. Deputado, coloque-se na sua posição: quem é o Sr. Deputado Furtado Fernandes? Qual é o seu passado democrático?

Protestos do PSD.

O Orador: - Sim, qual é o seu passado de democrata para se permitir qualificar uns partidos como democráticos e outros como totalitários?

O Sr. Alves da Silva (PSD): - Não insulte os trabalhadores.

O Sr. Presidente: - Peco-lhe, por favor, Sr. Deputado Carlos Brito, que abrevie o seu pedido de esclarecimentos, porque já excedeu bastante os três minutos a que tinha direito.

O Orador: - Quem é o Sr. Deputado para fazer isso?

Aplausos do PCP e protestos do PSD.

O Orador: - O Sr. Deputado Furtado Fernandes não acha que a sua atitude é extremamente infeliz, pouco democrática e totalitária, somando-se às atitudes que os actuais responsáveis do seu partido têm tomado nestes últimos meses?

Aplausos do PCP e protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Furtado Fernandes para responder.

O Sr. Furtado Fernandes (PCP): - Sr. Presidente, há ainda mais pedidos de esclarecimento?

O Sr. Presidente: - Há ainda um pedido de esclarecimento do Sr. Deputado Delmiro Carreira.

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - A ser assim, eu responderia no fim.

O Sr. Presidente: - Tem então a palavra o Sr. Deputado Delmiro Carreira.

O Sr. Delmiro Carreira (PS): - Queria colocar duas questões ao Sr. Deputado Furtado Fernandes, uma que considero como uma questão de fundo e outra que diz respeito a um pormenor, mas que