fazer aquilo que já fizeram outros partidos comunistas da Europa Ocidental.

Protestos do PCP.

Não fiquem aflitos, Srs. Deputados. Nomeadamente, ainda não vi o Partido Comunista Português afastar do seu ideário o leninismo.

Vozes do PCP: - Não viu nem verá!

O Orador: - Naturalmente o Partido Comunista Português tem todo o direito de continuar a ser leninista. Não sou eu que lhe vou recusar esse direito. Mas, Srs. Deputados, enquanto o Partido Comunista Português for leninista, ou seja, vanguardista, não peça aos partidos democráticos que lhe chamem democrático.

Aplausos do PSD e protestos do PCP.

O Sr. Severiano Falcão (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Severiano Falcão (PCP): - É para dar um esclarecimento à Câmara.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. Severiano Falcão (PCP): - Como disse, vou dar um esclarecimento à Câmara a propósito das insinuações, que o Sr. Deputado Furtado Fernandes não conseguiu desfazer, acerca dos hipotéticos acordos secretos entre o meu partido e o Partido Socialista.

Quem não acompanhou o problema da lei sindical na Comissão de Trabalho certamente tomará de alguma forma como aceitável a insinuação feita pelo Sr. Deputado Furtado Fernandes, já que ele sabe tão bem envernizar a sua própria afirmação acerca disto. No entanto, é preciso que a Câmara saiba que havia uma vontade unânime no sentido de os projectos de lei sindicais virem a esta Câmara e, só porque a determinada altura o Partido Socialista decidiu apresentar também o seu texto, isso não se verificou. O presidente da Comissão de Trabalho está em perfeitas condições de confirmar o que eu estou a dizer.

Portanto, se este problema se arrastou e só agora o PSD teve oportunidade de trazer à Câmara o seu projecto de lei, isso deve-se também à aceitação expressa do próprio PSD e mesmo do Sr. Deputado Furtado Fernandes. Esta é a realidade e não se compreende que, tendo sido este problema tratado com tanta clareza na Comissão de Trabalho e com o acordo de todos os grupos parlamentares ali representados, o Sr. Deputado Furtado Fernandes venha aqui atribuir o atraso da vinda do seu projecto de lei ao Plenário a um hipotético acordo secreto entre o meu partido e os partidos do Governo. Esta é a primeira questão.

Segunda questão: já foi aqui assinalado pelo meu camarada Carlos Brito o isolamento evidente em que o próprio Partido Social-Democrata se encontra

para tratar desta questão. Mas eu quero acrescentar mais isto: é que de alguma forma o Partido Social-Democrata está a tirar algum partido do seu eleitoralismo, da sua demagogia (risos do PSD}, trazendo, tal como trouxe, o seu projecto de lei, sabendo que ele está condicionado e está isolado.

O Sr. Cacela Leitão (PSD): - A asneira também!

O Orador: - Nesse aspecto, a discussão e a forma como ela se está aqui a travar vão ao encontro da tendência demagógica do Partido Social-Democrata para tratar problemas que são fundamentais para a classe trabalhadora e para a sua unidade de forma superficial e, devo dizê-lo, de forma muito condenável.

Aplausos do PCP.

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - Não apoiado!

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra para dar um esclarecimento à Câmara.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - É um esclarecimento muito breve à Câmara.

O Sr. Deputado Furtado Fernandes, nas suas respostas, foi, quanto a mim, ao fundo da questão num certo momento, quando disse claramente que era pela unidade sindical, mas justificando esta afirmação dizendo: «Preferentemente, só a unidade sindical pode garantir a defesa dos interesses dos trabalhadores.» Preferentemente! Ora bem, Sr. Deputado, aqui se separam as águas. Nós temos uma larga experiência da luta em defesa dos interesses dos trabalhadores e sabemos que não há outra saída senão a unidade e por isso é que tanta questão fazemos em garantir, por todos os meios que sejam constitucionais, a unidade dos sindicatos.

Outro esclarecimento que eu queria dar refere-se às supostas restrições gonçalvistas e ao paralelismo que o Sr. Deputado se permitiu estabelecer entre elas e as restrições do fascismo. A este respeito, quero lembrar-lhe os factos, Sr. Deputado: é que com aquilo a que o Sr.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra.