nos deve fazer esquecer que o Sr. Deputado Pedro Roseta deu uma imagem completa, um retrato a corpo inteiro daquilo que é, intelectual, política e moralmente, o Sr. Deputado Pedro Roseta e o partido que pretendeu comprometer com as suas palavras.
Aplausos do PS e do PCP.
O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Sr. Presidente, dá-me licença?
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Pedro Roseta, vou conceder-lhe a palavra, convencido de que o Sr. Deputado sabe que está na Assembleia da República, com Deputados antifascistas, todos eles defensores da democracia neste país.
Tem, pois, V. Ex.ª a palavra.
O Sr. Pedro Roseta (PSD): - As garantias do Sr. Deputado Manuel Alegre, tenho-as visto: ainda agora mesmo tentaram calar-me a boca, não deixando, através do barulho, que eu falasse. Portanto, quanto a essas garantias estamos conversados.
Os sociais-democratas não têm acesso, correspondente ao valor da sua representação popular - um quarto do povo português -, nos órgãos de comunicação social. Isto é inegável, ninguém o pode negar.
Não está a ser cumprido o direito de antena na Radiotelevisão Portuguesa e na Radiodifusão Portuguesa.
Uma voz do PSD: - Muito bem!
O Sr. Raul Rego (PS): - Têm abusado dele!
Vozes do PSD: - Muito bem! Vozes do PS: - Democrata!?
O Orador: - ... com o Sr. General Kaúlza de Arriaga -, como é que um representante de um partido destes, que nos acusa a nós de sermos fascistas, que acusa esse antigo presidente do nosso partido, e ainda seu actual dirigente, de ser um homem da estirpe do general Kaúlza de Arriaga, vem aqui falar no ódio que eu instilo, quando eles é que instilam todos os dias esse ódio, estão a criar um ódio na opinião pública, não contra as organizações fascistas, mas contra o Partido Social-Democrata, que é um partido que representa um quarto do povo português?
O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - Muito bem!
O Orador: - Apesar de nos termos submetido ao sufrágio, apesar de nós, democraticamente, representarmos parte tão substancial do povo português, os senhores atrevem-se a acusar-nos todos os dias de fascistas. Assim, como é possível vir agora o Sr. Deputado Vital Moreira, com toda a desfaçatez, falar em ofensas, etc., etc.?
O Sr. Vital Moreira (PCP): - Que tristeza!
O Orador: - Nós é que somos ofendidos quotidianamente, ...
Uma voz do PS: - Não chore!
O Orador: - ... nós é que fomos ofendidos, exactamente por esses dois partidos, o PS e o PCP, num debate a propósito de umas declarações do Dr. Sá Carneiro, em que se disseram aqui mosquitos por cordas, nós é que somos os ofendidos, nós é que somos caluniados de fascistas, e, portanto, não virem agora o bico ao prego.
O protesto que fiz tem toda a razão de ser porque efectivamente não sei se nas mentes de alguns, mas pelo menos nas páginas dos jornais, não está já a intenção de, pelo menos a mim pessoalmente, me qualificarem de fascista.
O Sr. Vital Moreira (PCP): - Faz muito bem o papel!
O Orador: - Portanto, como se vê, não lhes interessam tanto as actividades, interessa-lhes, sim, fazer amalgamentos. E efectivamente o Partido Comunista não faz mais do que seguir aquilo que fez o seu congénere alemão, que, com uma actividade semelhante, chamando fascistas aos sociais-democratas alemães, nos princípios dos anos 30, preparou a subida de Hitler ao poder. Portanto o meu companheiro de bancada Fernando Costa tinha todo o direito, apesar do adiantado da hora, de fazer as declarações que entendesse e eu tenho todo o direito de fazer os protestos que bem entender.
Se quiserem calar-me a boca, tenho até o direito de falar, como um dos novos filósofos, André Glucksman, do fascismo dos antifascistas.
Tenho aqui em todas as bancadas muitos amigos ...
A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Talvez não!