ção central burocrática da economia, se há-de fragmentar...
O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?
O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Deputado, agradecia que respondesse às minhas perguntas e não fizesse provocações.
Risos do CDS e PSD.
O Orador: - O Sr. Deputado Veiga de Oliveira pôs-me várias questões que, sinceramente, até porque entretanto estava algo dominado pelas perguntas anteriores, temo não ter identificado por completo. Peço que, no fim, o Sr. Deputado me indique os pontos em que não fui suficientemente explícito nas minhas respostas.
Por um lado, quando eu disse que o fascismo em Portugal corresponde a uma época histórica, poderia ter digitado esta fórmula e poderia ter dito assim: fascismo e estalinismo correspondem, em Portugal, a uma mesma época histórica; fascismo e estalinismo correspondem, ao nível do Mundo, ao nível das relações internacionais, a uma mesma época histórica - eu podia ter dito isto. O fascismo português acabou tarde de mais, acabou trinta anos depois e não no fim da guerra, quando devia ter acabado. No fundo foi isso que aconteceu, que eu quis dizer em termos históricos.
Por outro lado, se me pergunta qual é o conteúdo do totalitarismo, eu, porque não defino o totalitarismo, digo-lhe: o conteúdo do totalitarismo, e já lhe fiz referenda há bocado, é o partido único, é o terror policial, é a propaganda em vez da cultura, por exemplo, é o controlo burocrático e a direcção central da economia, é o que se passa nos países de Leste e nos regimes fascistas - exactamente a mesma coisa. É por isso, talvez, que o Bukovsky foi trocado a certa altura pelo Corvallán. É talvez esse tipo de identidade que criou essa possibilidade de troca.
Risos do CDS e PSD.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, peço-lhe o favor de concluir porque já esgotou o seu tempo.
O Orador:- Então vou só focar um último aspecto em relação ainda, com as perguntas do Eng.º Veiga de Oliveira.
A democracia é alguma coisa, a democracia tem que ser contra alguma coisa. É evidente. Simplesmente este ser contra alguma coisa não é tão dialéctico e tão bipolar como seria tentação do Sr. Deputado Veiga de Oliveira pensá-lo, porque não é o preto e o branco apenas. É evidente que dentro da democracia cabem muitas tonalidades de preto - supondo que é essa a cor que preferimos para fazer a contra-posição. Portanto, é evidente que esta dialéctica é uma dialéctica relativa. A dialéctica em democracia é sobretudo dialéctica dentro da democracia, não dialéctica de democracia contra outras coisas porque, potencialmente, ninguém e nada devia estar fora da democracia, É esse o ideal da democracia. Portanto, já que suscitou este problema teórico, digamos assim, seria esta a minha resposta.
Com certeza que o Partido Comunista ensaia ainda alguma tentativa para respo nder mais aos meus problemas. Suponho que vai conseguir.
Risos do CDS.
O Sr. Jorge Leite (PCP): - Dá-me licença, Sr. Presidente?
O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Jorge Leite pediu a palavra para que efeito?
O Sr. Jorge Leite (PCP): - Sr. Presidente, é para dar uma explicação.
O Sr. Presidente: - Então tenha a palavra, Sr. Deputado.
Desculpe, mas tenho que lhe dizer isto.
O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Jorge Leite, V. Ex.ª está a dar uma explicação, não está a fazer uma intervenção.
Vozes do PCP: - Muito bem!
O Orador: - O Sr. Deputado sabe isso perfeitamente. Sabe até perfeitamente que nesta Casa, antes do 25 de Abril, um deputado da ANP levantou a voz dizendo que havia funcionários do Ministério da Educação que dirigiam uma revista marxista. O