refugia-se na subtil. e capciosa intenção de "prosseguir os estudos", "retornar o processo", sem prazos nem objectivos definidos, o que significa, manifestamente, que o Governo vai congelar o artigo 64.º da Constituição e não está interessado, ou considera-se incapaz de modificar a calamitosa, e. angustiante situação actual.

Vezes do PS: - Muito bem!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Muito bem!

O Orador: -0 Governo pensa que uma política de saúde: é uma tecnocracia, quando, nas actuais circunstâncias, é um humanismo, e mesmo uma rebeldia. 0 Governo optou pelos interesses dos barões da medicina contra os interesses do povo e dos profissionais honestos.

Vozes do PS:- Muito bem!

O Orador: - Um governo assim, que, não sabe que a saúde é a maior riqueza do indivíduo e da colectividade, que não considera a saúde tarefa prioritária do Estado, um governo, destes que trata tão displicentemente. um dos. mais graves problemas que afligem o povo português, que considera a saúde como um privilégio de alguns e não como um direito de todos, é um governo condenado à partida, que, não pode ter a confiança do, povo. É um governo sem saúde, um governo, doente, é um nado-morto!

Aplausos do PS,

Em boa verdade, Sr. Presidente e Srs. Deputados, este Governo, nascido do conúbio incestuoso entre os sem partido e os antipartido, nunca poderia, como ele próprio confessa, realizar as grandes reformas e que o nosso país tão urgentemente precisa. Porque é um. governo ilegítimo, que não foi nem poderá vir a ser sufragado pelo povo. Porque lhe falta a centelha da imaginação, o ideal político e o espírito criador e solidário. Porque, lhe faltam as pernas, as asas e o coração para sofrer as angústias do povo, Porque lhe falta, em suma, uni projecto de sociedade e a alma calejada das lutas do passado, para poder vislumbrar o futuro: um futuro mais livre, mais justo e mais fraterno!

Vozes do PS:- Muito, bem!

% dos médicos portugueses vivem em Lisboa, Porto e Coimbra e que 90 % residem na zona litoral do País?!

Sabe por acaso V. Ex.ª que no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, há cerca de mil médicos a mais, sem terem praticamente nada que fazer e que no Hospital de S. João, do Porto há um serviço que tem mais médicos do que camas?... E enquanto isto, Srs. Deputados, no Interior do País, há grandes áreas sem um posto clínico e faltam a maior parte das especialidades médicas e cirúrgicas. No distrito de Bragança, por exemplo, não há um ginecologista, nem um - pediatra, nem um urologista e há apenas um oftalmologista para 220000 habitantes! A população é obrigada a procurar assistência médica em Espanha!

Sabe V. Ex.ª que em muitos hospitais há pessoas internadas a que se não dá alta, porque, infelizmente, não têm para onde ir?! E que outros doentes esperam largos meses por uma cama, quando, paradoxalmente, há, por todo o País, a começar por Lisboa, instalações devolutas ou interior do País, onde também é Portugal?

Sabe V. Ex.11 que, caso o serviço nacional de saúde não seja brevemente, criado, teremos no fim do ano cerca de mil médicos no desemprego e em dois anos mais de três mil?

V. Ex.ª fala nas limitações orçamentais e nas dificuldades financeiras e esse, é o espantalho que tem