raízes tenham podido atingir o húmus generoso do coração do povo. 0 desânimo e o cepticismo grassam mais uma vez, porque a falta de um projecto nacional claro se converte, para muitos, na perplexidade sobre os - seus próprios destinos individuais.

O Sr. Ângelo Correia (PSD):- Muito bem1

O Orador:- Como sempre sucede entre nós em horas incertas, sente-se pulsar a tentação de mitificar num qualquer homem solitário aquele poder 'e redenção da grei, que na verdade só a grei. contém na sua essência colectiva e no seu pluralismo ingénito.

Vozes do IPSD:- Muito bem

O Sr. Ângelo Correia (PSD):- Muito bem[

O Orador: - A razão primeira das nossas desventuras podemos porém encontrá-las, segundo penso, no desencontro das forças políticas democráticas que ocupam o centro real do panorama político português. Centro que nada tem a ver com a classificação ideológica dos seus programas, mas com a localização da faixa populacional por elas coberta.

0 atraso estrutural é grande. Os reflexos sociais e económicas da descolonização são pesados. A crise económica mundial atinge-nos com rudeza. Mas, estivera entre nós o puder democrático entregue a um bloco político estável e coerente, capaz de mobilizar o povo para a aceitação da austeridade em troca da proposta de rumos claros de avanço e melhoria, e outro bem diferente seria o estado de espírito no país, outro bem distinto o Governo que aqui teríamos perante nós.

E no entanto foram marginalizados, vilipendiados, acusados de fraqueza e ambição aqueles que mais cedo demonstraram a lucidez de prever para onde conduzia o auto isolamento e a pretensão hegemónica de cada uma das principais forças partidárias, aqueles que, em momentos pouco propícios, tiveram i coragem de pregar a necessidade do, entendimento.

Vozes do PSD:- Muito bem!

Vozes do PSD:- Muito bem!

O Orador:- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não creio que seja justo acusar os que agora se sentam na bancada do Governo pelo simples facto de aí estarem. Foram certos dirigentes de &alguns partidos que indirectamente para ali os trouxeram.

Aplausos do PSD.

Nem penso que- fosse próprio do momento e do local gracejar sobre o fardo a que -,e cingiram. 0 povo entenderia que escarnecíamos das suas próprias desditas.

Não pretendo com isto significar que considero esta solução normal e, portanto, de manter por largo prazo. Ainda que o Governo passe, o Parlamento e o Presidente da República terão de encontrar no curto espaço de alguns meses nova solução claramente baseada nos partidos.

Se passar, para além de proporcionar ao sistema o compasso de espera necessário à revisão de algumas posições partidárias e individuais, este Governo prestará ainda outro inestimável serviço às forças políticas organizadas: a demonstração à opinião pública de quanto é enganosa a distinção entre competências políticas e competências - técnicas e de quão falso é o mito da superioridade dos chamados técnicos para o desempenho de tarefas governativas. É certo que também os partidos não estão isentos de culpas quanto às ilusões que, por aí correm a tal propósito. As consequências não podiam ser outras, a nível da opinião pública, quando no seio dos diversos partidos se teve a veleidade de distinguir entre técnicos e políticos.

Vozes do PSD:- Muito bem!

O Orador--A demonstração da não superioridade governativa dos técnicos principiou, desde logo, quando este Governo de competências apartidárias se apresentou perante o Parlamento com um programa em boa parte coincidente com o do II Governo Constitucional, que, tão fundas críticas mereceu aos, sociais-democratas. A explicação de que tal atitude destinaria a condicionar a posição de voto do PS e do CDS, comprometidos com o "programa modelo" que não - poderiam agora rejeitar sem se negarem a si próprios, não parece que valha. São obviamente de ordem não programática as motivações que nesta oportunidade fazem correr socialistas e centristas.

Vozes do PSD:- Muito bem!