bancário. Estou a pensar, muito concretamente, nas pequenas e médias empresas, por exemplo, da construção civil, que estão todas à beira da falência, porque, por critérios que por vezes não se entendem, a banca comercial chega a negar a concretização de contratos de financiamento que estavam anteriormente aprovados. Isto é uma coisa concreta que tem a ver, de facto, com o dia-a-dia de todos os portugueses.

O próprio Sr. Primeiro-Ministro, na sua intervenção inicial, referiu-se aos sete contos de saída para o estrangeiro. Julgo que o Sr. Ministro Silva Lopes também se referiu a eles. Com uma certa ironia, perguntava: os novos valores serão sete contos e cem, dez contos, vinte? Quais?

A terminar, e pegando numa questão levantada pelo Sr. Deputado António Guterres, que focou, e muito bem, o aspecto da inflação, e dado que no Programa do Governo se refere o aumento que o imposto de transacções irá ter dado que se dá aquilo que nós, economistas, chamamos a «repercussão para a frente», quais os artigos, quais os produtos que irão ser agravados e, por consequência, as camadas mais desfavorecidas ida população irão suportar?

Esperava ainda que o Ministro tias Finanças e do Planos tivesse palavras sobre a forma como os estudos sobre o imposto único e a introdução da TVA em Portugal irão prosseguir sobre a sua égide.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado

Vítor Louro, também para pedir esclarecimentos.

rápida que foi possível em 1976, em relação a 1975, conseguir-se um aumento de produção da ordem dos 30 % nas áreas mais próprias para a produção de leite.

Perante isto, pergunto-lhe se acredita no que disse, e portanto desconhece esta característica que o sector tem para responder rapidamente, e, nesse caso, se atribui a culpa ao sector e não aos governantes, como faz o seu colega da Agricultura, ou se então fez essa afirmação porque está acabrunhado pelo programa agrícola do III Governo e justamente não acredita nele.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Ministro das Finanças e do Plano para responder, se assim o desejar.

O Sr. Ministro das Finanças e do Plano (Silva Lopes): - Sr. Presidente, como tenho pouco tempo, não poderei certamente responder às observações todas. Vou escolher algumas que me parecem mais importantes.

No que respeita às observações do PCP sobre o endividamento externo e sobre a diferença entre o modelo que esse partido propõe e o modelo que o Governo propõe, penso que a diferença está essencialmente nas possibilidades de substituição de importações. Como eu disse aqui, o ritmo de endividamento externo só pode reduzir-se substancialmente se reduzirmos o déficit da balança de pagamentos e só poderemos fazê-lo por três vias: ou aumentamos mais rapidamente as exportações, e eu demonstrarei que aumentá-las a um ritmo superior a 10% ao ano é extremamente difícil; ou substituímos rapidamente importações, reduzindo rapidamente consumos de produtos importados, que é a via que o PCP propõe, ou afrouxamos o ritmo de crescimento do produto nacional. Só há estas três vias.

Vozes do PCP: - Não é só!

O Orador: - Quais são as outras?

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Aumentar a produção e diminuir a importação.

O Orador: - Quando eu digo reduzir o consumo de produtos importados pera substituir importações, isso implica o aumento da produção. Se calhar exprimi-me mal. Queria referir-me à redução do conteúdo de importações no produto nacional, portanto abrangendo tudo.

Significa então que uma das vias é reduzirmos o consumo de produtos importados, e aí já muita coisa foi feita. O PCP continua a dizer que há muitos produtos supérfulos que se importam. Efectivamente, as possibilidades de poupança de divisas que nos restam por essa via são limitadas. É preciso sermos um pouco realistas. Se, por exemplo, pusermos uma tributação de três contos por garrafa de whisky, só servimos os contrabandistas; se estivermos a aumentar excessivamente o preço dos frigoríficos, também não