Sr. Presidente, Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Os comunistas portugueses e o seu partido afirmaram e reafirmam neste momento que não pretendem, não podem e não desejam resolver sozinhos todos os problemas nacionais. Os comunistas portugueses e o seu partido são os primeiros a saber que para fazer de Portugal um país de bem-estar, progresso económico e social, para realizar integralmente o projecto de sociedade contido na Constituição, é necessária a acção criadora e entusiástica de milhões de portugueses.

Mas é nossa convicção profunda que, de igual modo, tão-pouco os problemas nacionais podem ser resolvidos sem a opinião, a contribuição, a dedicação, a capacidade, a influência de massas, a autoridade, a seriedade e o prestígio moral dos comunistas e do PCP.

Aplausos do PCP.

Pode o presidente do CDS, fora do tempo que vivemos, mas fiel aos valores ideológicos em que se formou, vir a esta Assembleia decretar excomunhões e discriminações contra os comunistas e outros democratas, mas com isso apenas prova que a intimidade com o fascismo o tornou insensível ao espírito democrático, generoso e tolerante do 25 de Abril.

Aplausos do PCP.

O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Não apoiado!

O Orador: - Pode o presidente do CDS, para tranquilizar as suas inquietas fileiras depois dos sucessivos falhanços da alternativa 76 ...

O Sr. Rui Pena (CDS): - Olhe que não, olhe que não ...

O Orador: - ... das núpcias da «convergência» com o CDS/PPD, do casamento e divórcio com o PS, do aviso de Mirandela, vir acenar com uma nova campanha anticomunista que dê margem para mais algum casamento, nem que seja às escondidas.

Mas com tal atitude apenas prova a fraqueza real do seu partido e a sua insegurança.

Pode o presidente do CDS querer discriminar os comunistas ao mesmo tempo que reconhece expressamente aos «investidores» e ao imperialismo o direito de decidirem sobre a política e o Governo de Portugal.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Como é que sabe?

O Orador: - Com isso só confirmam que o sonho do CDS é ver um povo inteiro submetido à chantagem de um punhado de parasitas e ver Portugal ajoelhado às ordens de governantes estrangeiros.

Aplausos do PCP e protestos do CDS.

Pode o presidente do CDS insultar os comunistas. Com isso só prova que entre tantas liberdades que o 25 de Abril deu aos Portugueses o CDS só tem vocação para usar exactamente a única que já existia no tempo do fascismo - a de caluniar os comunistas e o seu partido.

Aplausos do PCP e protestos do CDS.

A realidade tem mais força que os desejos e ambições do CDS e de toda a reacção.

Um partido como o PCP, que mostra em cada dia uma maior força, implantação e audiência popular ...

Risos do CDS.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sonhos ...

O Orador: - ..., que está solidamente presente na realidade do trabalho e da vida nacional, que se identifica e exprime com coerência os interesses dos trabalhadores e de outras camadas laboriosas ...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Não apoiado!

O Orador: - ..., que conta nas suas fileiras com bastante mais de 140000 membros organizados ...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Uh! ...

O Orador: - ... que dá à resolução dos problemas nacionais uma contribuição responsável, um partido que ainda há dias realizou um gigantesco comício e a grandiosa festa do Avante, ...

Aplausos do PCP.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Quem pagou a gasolina?

Risos do CDS.

O Orador: - .... por onde passaram centenas de milhares de portugueses, vindos de todos os recantos do País, um tal partido não pode ser ignorado, e no interesse nacional está e estará presente na luta do povo português, está e estará presente no esforço para garantir a vitória definitiva da democracia portuguesa.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Freitas do Amaral.

Vozes do PCP: - Agora vamos fazer o mesmo ...

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Os democratas do CDS portam-se muito mal!

O Sr. Presidente: - Se me dá licença, Sr. Deputado, queria avisar, entretanto, que se houver a mais pequena manifestação da parte das galerias elas serão evacuadas.

Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Compete-me encerrar, em nome do CDS, o debate parlamentar travado nesta Assembleia em torno do III Governo Constitucional.