balharam toda uma vida vêem-se, no fim dela, condenados a morrer à míngua.

Risos do PS e PCP.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Agravaram-se as desigualdades entre zonas do território, entre sectores económicos e sociais. Portugal é hoje um país em que os mais velhos não têm presente e os jovens se encontram sem futuro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Agravou-se igualmente, e por isso aqui estamos, a crise política. À indefinição de um sistema institucional acresceu a dificuldade resultante do domínio do poder, da estratégia hegemónica e monopolista do Partido Socialista.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Marcelo Curto (PS): - Não apoiado!

O Orador: - Dispondo de pouco mais de um terço dos votos, o Partido Socialista arrogou-se o monopólio do Poder e da vida nacional. Fez, para tanto, um governo minoritário e sob o qual sobreviveu à custa de compromissos constantes, mantendo a ambiguidade fundamental da sua linha política. E quando esse governo minoritário caiu, o Partido Socialista não recusou entrar num acordo com o CDS, que, à partida, logo se afigurava um acordo contraditório, incompleto e de curta duração, como veio a suceder.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Ao contrário do que há pouco aqui foi dito, não é verdade que após a queda do governo minoritário tivesse sido proposta ao Partido Social-Democrata uma coligação com o Partido Socialista e com o CDS. Não é verdade.

Aplausos do PSD.

O Orador: - Ao contrário do que aqui foi dito, não é verdade que um governo tripartido se não tivesse podido formar nessa altura devido às dificuldades internas do Partido Social-Democrata.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - A verdade é outra. A verdade é que em Agosto do ano passado o Partido Socialista considerou a hipótese de vir a fazer um entendimento que o levasse a partilhar o Poder com um partido. Mas como nessa altura claramente foi dito, o Partido Socialista nunca se dispôs a partilhar o Poder com dois partidos, designadamente com o PSD e o CDS. Isto foi dito tanto ao PSD como ao CDS. O PSD manteve a sua posição, o CDS acabou por fazer o acordo cuja rotura aqui nos trouxe.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Neste quadro de crise política em agravamento o Partido Socialista exerceu o Poder em beneficio de si próprio.

O Sr. António Lacerda (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Inutilizou a possibilidade da constituição e da consolidação em Portugal de um verdadeiro poder local e de uma verdadeira autonomia regional.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Agravou, por isso mesmo, o isolamento entre o Poder e a sociedade.

Fartos dos malabarismos que os partidos do Poder fizeram para a ele se manterem agarrados, fartos da demagogia e do sectarismo, correspondem a esta crise política com uma atitude de profunda indiferença, que é altamente preocupante em democracia.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É o impasse político.

Face a esta crise nacional, face a um país angustiado, desagregado e à deriva, em que se fraccionaram os sentidos de solidariedade e de interesse nacional para serem substituídos por uma política do salve-se quem puder, o povo português esperava que este debate lhe trouxesse finalmente uma esperança nova de ver os partidos discutirem aqui os verdadeiros problemas nacionais, de ver os partidos reconsiderarem aqui as suas posições, reconhecerem os seus erros, disporem-se a encetar vida nova.

Infelizmente, o povo português, que tinha essa esperança neste debate, viu-a frustrada.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Logo de início for nítida a preocupação do Partido Comunista, do Partido Socialista e do CDS de derrubarem o Governo, indiferentes ao conteúdo deste debate. Por isso apresentaram as três moções de rejeição logo no início do debate sobre o Programa do Governo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Pior do que isso: vimos que os mesmos partidos, e sobretudo o PS e o CDS, quiseram transformar este debate num debate entre o 28 de Maio e o 25 de Abril, num debate entre a democracia e a ditadura, num debate a favor dos partidos ou contra os partidos. Nada mais inexacto, nada mais deturpador do sentido do debate que aqui nos reuniu.

O Sr. Américo Sequeira (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Do que se trata, ou do que se devia tratar, era de saber se este Governo tinha condições programáticas e políticas para governar Portugal neste transe difícil.