O Sr. Amaro da Costa (CDS): - Isso não é uma acusação ...
O Orador: - V. Ex.ª importa-se de não me interromper? Estou a fazer o encerramento de um debate, não estou numa polémica parlamentar. Se quiser discutir, também sou capaz de discutir consigo, Sr. Deputado.
O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Vamos a isso, Sr. Primeiro-Ministro. Vamos a isso ...
O Orador: - Agora não ...
Gostava de saber onde e há quanto tempo o CDS conhece ou descobriu o comunismo dos membros deste Governo. Também gostava de saber como é que, tendo o serviço de informações do CDS tão rapidamente feito essa descoberta, demorou tanto tempo a descobrir coisas tão horríveis em relação ao antigo Ministro da Agricultura e Pescas!
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - É preocupante, de facto, que um partido responsável se tenha lançado numa espécie de histeria política que não compreendo ...
O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Não apoiado!
O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Dá-me licença que o interrompa?
O Orador: - Não dou, Sr. Deputado. Desculpe.
O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - É pena!
O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Isso não é democrático!
O Sr. António Arnaut (PS): - Que faria se fosse governo! ...
Agitação na Sala.
O Orador: - Queria ainda dizer, porque acho essencial que fique para a história, que houve pessoas, que estão sentadas nesta Sala, que durante o debate contactaram o Governo e sugeriram que ele se demitisse para evitar o problema de ter que haver uma rejeição do seu Programa. Havia problemas com a ordem de entrada das moções de rejeição, e, se o Governo se demitisse, esses problemas resolviam-se. Como se fosse possível que eu e os Ministros que fazem parte deste Governo, tendo aceite vir aqui, depois de termos feito o trabalho que fizemos, depois de termos suportado as agressões verbais que nos fizeram, pedíssemos a demissão! Que cómodo que era para esta Assembleia!
O Sr. Salgado Zenha (PS): - Para nós não era cómodo!
O Orador: - Mas então o que é que o País ficava a pensar de nós?
Finalmente - estou a alongar-me mais do que pensava, não sou de muitas palavras, mas estou a falar muito -, diria o seguinte: se, como parece certo, uma ou mais das moções de rejeição forem aprovadas por esta Assembleia e o Governo não passar, confesso que não tenho a certeza de que os Srs. Deputados tenham plena consciência das consequências desse acto.
Aplausos do PS.
O Sr. Manuel Alegre (PS): - Temos sim!
O Orador: - Como já disse há pouco, o problema a curto prazo está resolvido, pois há um Governo em S. Bento, há Ministros nas repartições, mas os partidos já revelaram que, entretanto, não têm nenhuma solução na manga ...
Eu tencionava perguntar, a propósito, se os partidos, ao derrubarem este Governo, tinham uma solução na manga. Já sei, pelo que ouvi nos discursos que aqui foram feitos, que não têm.
E agora falo como português, e não como Primeiro-Ministro derrubado. É muito preocupante que, ao fim de mais de dois anos de funcionamento da Assembleia ainda não haja possibilidade de se encontrar uma solução democrática de governar com estabilidade. Como é que este pobre Pais vai sobreviver?! Como é que a nossa economia vai resistir, se passarmos o tempo a adiar soluções?! A Assembleia vai adiar, mais uma vez, o País. Vai ficar com um governo de gestão que não vai poder ocorrer a todos os problemas, na certeza, porém, de que vamos trabalhar o mais que pudermos e soubermos. Obviamente que, como governo de gestão, pouco poderemos fazer em relação ao que é preciso.
O Sr. Miranda Calha (PS): - Felizmente!
O Orador: - Esperemos que os partidos resolvam o seu problema, esperemos que dentro de um prazo de tempo, o mais curto possível, nos libertem, nos abram a porta da gaiola.
Aplausos do PSD e do Sr. Deputado independente Galvão de Melo.
O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Dá-me licença, Sr. Presidente?
Aplausos do CDS.
O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Sr. Presidente, queria perguntar a V. Ex.ª se, a exemplo do que su-