cedeu no debate da moção de confiança posta pelo I Governo Constitucional, me será permitido fazer um protesto.
O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado.
O Sr. Freitas do Amaral (CDS): - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Era para um breve protesto acerca de algumas das afirmações do Sr. Primeiro-Ministro. Em primeiro lugar, desejo protestar pelo facto de o Sr. Primeiro-Ministro se ter permitido vir a esta Assembleia criticar a própria Assembleia, pelo que ela fez ou não fez, em momentos anteriores.
Aplausos do CDS e PS.
É certo que o Sr. Primeiro-Ministro é um cidadão português que tem liberdade de crítica, mas não foi precisamente na qualidade de cidadão português que falou daquela tribuna, neste momento.
Aplausos do CDS e PS.
Quero protestar, em segundo lugar, por certas declarações que o Sr. Primeiro-Ministro se permitiu fazer - ora em tom de crítica áspero, ora em tom de escusada ironia - contra os partidos políticos, em geral, pelo que fazem ou deixam de fazer.
Aplausos do CDS e de alguns Deputados do PS.
Lamento que o Sr. Primeiro-Ministro tenha querido juntar a sua voz ao coro de tantas vozes radicais e extremistas que alinham numa campanha contra os partidos, como pretexto para criticar, ...
Manifestações de desagrado do PSD.
... prejudicar e desprestigiar a própria democracia.
Aplausos do CDS e PS.
Em terceiro e último lugar, quero protestar pelo facto de o Sr. Primeiro-Ministro se ter permitido acusar o meu partido - em tom inaceitável - de despudor e outras acusações do género, por ter emitido uma opinião que tem, democraticamente, o direito de errar quanto às simpatias ou às posições políticas de membros do seu Governo.
Todos os partidos têm o direito de concordar ou não com a presença de certas pessoas e de pessoas com certas posições no Governo. O CDS estava ao corrente das posições dessas pessoas porque elas próprias as têm tomado publicamente e não por qualquer conhecimento privado que tivesse acerca delas.
Uma voz do CDS: - Muito bem!
O Orador: - Aliás, perguntados sobre as suas ideias políticas e confrontados com a alegação de serem membros simpatizantes do PCP ou do MDP/CDE, nenhuma delas se desmarcou ou desmentiu essa alegação, prova evidente de que a admitiu!
O Sr. Octávio Pato (PCP): - Oh, Sr. Presidente?!
A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Isto é algum interrogatório?
O Orador: - Quero também dizer ao Sr. Primeiro-Ministro que não tem o direito de falar a respeito do CDS como falou, porque o Sr. Primeiro-Ministro sabe muito bem que em relação a algumas dessas personalidades foi o Sr. Primeiro-Ministro que nos pôs as suas dúvidas sobre as suas posições políticas.
Aplausos do CDS.
O Sr. Presidente: - Sr. Primeiro-Ministro, V. Ex.ª tem todo o direito de responder, dentro deste esquema de protestos e contraprotestos. Se V. Ex.ª quer responder imediatamente ao Sr. Deputado Freitas do Amaral, responde; se, porventura, quer aguardar a intervenção do Sr. Deputado Salgado Zenha, poderá fazê-lo. A decisão será de V. Ex.ª
O Sr. Primeiro-Ministro: - Preferia responder já, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: - Então faça favor, Sr. Primeiro-Ministro.
dizer que o considerava a pessoa competente e indicada para desempenhar o cargo para que estava indicada.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Salgado Zenha.
O Sr. Salgado Zenha (PS): - Nós supúnhamos que o Sr. Primeiro-Ministro iria encerrar o debate sobre este Governo, sobre o seu Programa e a sua actuação, mas verifico que o Sr. Primeiro-Ministro, no fundamental, fez uma profissão de fé contra a Assembleia da República e contra os partidos políticos!
Vozes do CDS: - Muito bem!
Vozes do PS: - Muito bem!