meiro-Ministro são a melhor prova de que a UDP actuou com correcção quando, desde a primeira hora, declarou que este era um governo que vinha contra os partidos políticos. E foi por isso que o Sr. Primeiro-Ministro utilizou os termos insultuosos que utilizou. Aliás, era importante saber se o Sr. Presidente da República, que nomeou e deu posse a este Governo e indigitou o actual Primeiro-Ministro, está de acordo com as afirmações que aqui foram proferidas. Dada a sua gravidade, é da máxima importância que o Sr. Presidente da República se defina em relação a elas. Nós dizemos isso com a autoridade de quem muitas vezes, ou quase sempre, tem criticado as decisões desta Assembleia da República, de quem se opôs com determinação aos dois governos que passaram nesta Assembleia da República, de quem, desde a decisão do seu Conselho Nacional, do dia 27 de Junho deste ano, exigiu a dissolução da Assembleia da República, no sentido de se encontrar uma solução constitucional, a realização de eleições gerais antecipadas.

Mas estas posições não se confundem com certas posições demagógicas, de crítica fácil, destinadas a alimentar sentimentos revanchistas e, ao mesmo tempo, suscitar o desânimo dos trabalhadores.

A queda do III Governo Constitucional é, a nosso ver, e não pode deixar de ser interpretada desta maneira, uma derrota clara do general Ramalho Eanes. Quando a UDP foi ouvida nesta crise e lhe foi perguntado qual era a solução, o que nós dissemos, e mantemos, é que não é possível encontrar, no quadro da Assembleia da República, uma solução favorável e capaz de resolver os problemas do País. Portanto, há que caminhar para a realização de eleições gerais antecipadas.

O Sr. Presidente da República não só não quis fazer isso, como quis prolongar, continuar a política anterior e, ainda por cima, através de um grupo contra esta Assembleia da República e contra o próprio voto popular.

Neste sentido, o Sr. Presidente da República não pe de 28 de Maio havia pessoas que até acreditavam que aquilo era verdade, que era uma pequena pausa na democracia, para depois se retomar a democracia plena. Fórmulas deste género, em nome de uma política do grande capital e dos grandes latifundiários, só podem descambar em novas ditaduras. Estes nossos exemplos históricos demonstram que não precisamos sequer de ir aos países estrangeiros para encontrar exemplos, pois temo-los aqui mesmo à nossa mão, pertencem à história e à tragédia da I República.

Ao votar contra este Governo, a UDP também quer dizer claramente, como sempre tem afirmado, que não o faz em nome da política dos anteriores Governos. O povo sabe bem que o não fazemos, pois sempre nos opusemos à política desses Governos. Aliás, uma das razões, se a primeira já não bastasse, por que nos opusemos a este Governo foi precisamente o facto de ele pretender prolongar e agravar a política dos anteriores Governos.

Votámos a rejeição deste Governo acreditando firmemente na possibilidade de reabrir, neste país, uma alternativa democrática a favor dos trabalhadores. Não a pretendemos encontrar nesta Assembleia da República porque nela, a verdade seja dita, muito se tem governado contra o povo e muito pouco a favor de quem trabalha. Mas a forma de resolver o problema é uma forma normal prevista na Constituição da República e ela é a realização de eleições gerais antecipadas, das quais a UDP não tem medo e, mais, encara-as como a única solução viável.

Já que quiseram impor um governo contra a vontade do povo, já que se quis governar contra a vontade do povo, já que o Sr. Presidente da República começa a incluir nos seus discursos a ideia de que os partidos não se entendem, de que não se consegue resolver os problemas com os partidos, já que se começa a pôr em causa a Constituição da República, ela sim, votada democraticamente, já que os partidos da direita pretendem dizer que o que o povo agora quer é uma política de direita, poi s bem, há uma forma democrática de resolver o problema, que é ir às umas para ver quem ganha. Vamos, pois, às umas com a confiança de que o povo português quer a democracia, quer o socialismo e quer a Constituição da República.

Foi nesse sentido que votámos a moção de rejeição apresentada pelo Partido Socialista. Obviamente que isso não quer dizer que estejamos totalmente de acordo com as posições do Partido Socialista. Quer dizer simplesmente que achamos que o Partido Só-