marxista sempre defendi, como sempre defenderam os marxistas, a separação de poderes entre a Igreja e o Estado. Não penso que seja possível nem democrático vir apresentar nesta Assembleia um voto de saudação pela eleição do novo Papa, sabendo que no povo português há os que são católicos, mas há também os que ou não professam nenhuma religião ou professam outras religiões.

Não me parece ter sentido apresentar nesta Assembleia um voto desta natureza, sob pena de nos vermos a cada momento, aquando da eleição de um novo chefe religioso de qualquer das religiões que perfilham os Portugueses, na necessidade de esta Assembleia ter de se pronunciar sobre esses acontecimentos.

Por esta razão pretendia que este voto não fosse votado. Mas, como ele foi apresentado, e na perspectiva da separação de poderes entre a Igreja e o Estado, eu e a Deputada Carmelinda Pereira abster-nos-emos neste voto.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado João Gomes.

O Sr. João Gomes (PS):-Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Partido Socialista preparava-se para apresentar um voto de congratulação pela eleição do Papa João Paulo II e é portanto com todo o prazer que se associa ao voto que está em discussão.

Gostava ainda de juntar duas ou três considerações.

A primeira questão é que não podemos desconhecer a realidade ido nosso país, em que a maioria dos portugueses é de formação cristã. Portanto, há uma consciência católica que é preciso ter em conta e respeitar.

Vozes do PS: - Muito bem!

Aplausos do PS.

Considerando estes dois aspectos, eu permitia-me ainda evidenciar que o Papa João Paulo II teve na sua juventude a oportunidade de trabalhar como mineiro e de conhecer de perto, e creio que no próprio corpo, a realidade do mundo operário.

O Sr. José Luís Nunes (PS): -Muito bem!

O Orador: - Suponho que isso é motivo de esperança para a acção que ele vai desenvolver.

Por outro lado, o Papa João Paulo II é um papa não italiano, vem da Polónia, e esse facto corresponde também a um anseio muito grande da comunidade universal.

Particularmente por estes dois motivos, para além da personalidade de João Paulo II, nós queremos associar-nos vivamente ao voto que está em discussão.

Aplausos do PS.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente:-Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. Vital Moreira (PCP):-Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do PCP vai juntar a sua voz a este voto de congratulação e de saudação pelo justificado regozijo dos católicos portugueses e dos católicos de todo o mundo pela eleição de um novo papa, pela designação de um novo chefe da igreja católica.

O Sr. Presidente: -Continua em discussão.

Pausa.

Como mais ninguém pede a palavra, vamos proceder à votação do voto de congratulação e saudação apresentado pelo PSD.

Submetido à votação, foi aprovado com a abstenção dos Deputados independentes Aires Rodrigues e Carmelinda Pereira.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vilhena de Carvalho para uma declaração de voto.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Também para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O voto a que o CDS acaba de dar o seu completo, sincero e entusiástico apoio toca muito de perto a alma de grande parte do povo português.

A Igreja de Cristo, guiada, como sempre, pelo espírito da paz, da verdade e da concórdia entre os homens, acaba de encontrar o seu novo guia e pastor.

João Paulo II, na sequência dos grandes pontífices que os últimos séculos têm conhecido, é, para lá de uma indiscutível autoridade moral para todo o mundo profano, a certeza de que a Igreja continuará a ser a mãe acolhedora de toda a Humanidade e a força invencível que clamará sempre pela paz no mundo, recordando a todos os homens que somos iguais e irmãos no nosso futuro e na nossa caminhada.