tivações políticas sectárias, que conduziram ao desmantelamento de muitas unidades produtivas deste país.

O Sr. Armando Correia (PSD): - Muito bem!

O Orador: - E tudo isto disfarçado de termos como socialização e socialismo, quando não passou da tentativa de instauração de um feroz capitalismo de Estado.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Foi isto que aconteceu também com a MDF, que, mau grado os desígnios de recuperação económica e financeira que os paladinos das intervenções do Estado sempre associavam a esse processo, viu a sua situação piorar com o tempo cada vez mais acentuadamente.

Isto mesmo o reconhece a Resolução do Conselho de Ministros n.º 277/77, de 19 de Setembro, onde, para além de se fornecerem certos dados contabilísticos esclarecedores, se diz, nomeadamente: «[...] decorridos praticamente trinta e três meses de intervenção do Estado, regista-se acentuado agravamento da situação, derivado, por um lado, de a empresa não ter conseguido rentabilizar as suas actividades tradicionais e, por outro, de não ter sido possível atribuir-lhe, entretanto, novos produtos em que se pudesse apoiar a sua recuperação económica e consolidação financeira.»

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Arrolados que foram alguns factos que constituem, de alguma forma, a história da MDF, importa agora pensar no futuro, que, sem dúvida, se apresenta preocupante, sobretudo para aqueles que têm o seu destino ligado a esta empresa.

Compulsando os elementos que se podem extrair da Resolução do Conselho de Ministros n.º 95/78, de 17 de Maio, pelo menos um aspecto parece já estar adquirido:

Transformação da empresa em sociedade de capitais mistos, com o simultâneo aumento de capital.

Contudo, dizer-se só isto é pouco para uma empresa dilacerada por uma crise com tanta complexidade como é a da MDF. Pensamos que interessará pôr em prática uma das dezasseis simulações ensaiadas por uma empresa da especialidade e considerada viável. São as seguintes as suas linhas de força:

Transformação em capital social de todo o actual crédito do Estado e da banca;

Financiamento de 450 000 contos, sendo 140 000 contos para investimentos e o restante para fundo de maneio;

Pagamento, escalonado em sete anos, do actual crédito dos fornecedores (cerca de 450000 contos).

Como resultado, a empresa manter-se-á, por virtude desta e de outras medidas, em falência técnica durante dois anos e terá viabilidade no fim de dez anos.

Esperamos que com urgência tudo se conjugue no sentido da concretização desta hipótese.

O Sr. Monteiro de Andrade (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Assim o exigem os interesses do País, do Ribatejo e das centenas de famílias cujo pão depende dos destinos da Metalúrgica Duarte Ferreira.

O Sr. Américo Sequeira (PSD): - Muito bem!

O Orador: - São estes os meus votos pessoais e do Partido Social-Democrata.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Inscreveu-se para pedidos de esclarecimento unicamente o Sr. Deputado Manuel Dias.

Tem a palavra, Sr. Deputado Manuel Dias.

complicando toda a vida de uma empresa que tem uma importância que está à vista de todos.

Era isto que pretendia dizer, não tanto como interpelação à sua intervenção, mas como esclarecimento.

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Furtado Fernandes quer dar algum esclarecimento?

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - Queria, sim, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Furtado Fernandes (PSD): - Queria efectivamente dar um esclarecimento ao Sr. Deputado Manuel Dias, do Partido Socialista.

Quando fiz uma pergunta ao Sr. Deputado sobre o caso da MDF, desde logo anunciei a disposição de fazer uma intervenção sobre esta empresa. Aliás, até avancei com a solução que, pessoalmente, julgo viável para resolver o problema da empresa. Por conseguinte, tinha isso já em mente há bastante tempo e só por uma questão meramente técnica, de inscrição, o não fiz anteriormente.