O Orador: - A meu ver, mesmo na perspectiva dessas forças políticas, elas estão a cometer um grave erro. Mas essa será uma questão para analisarmos noutra circunstância.

Finalmente, também protesto pela referência que o Sr. Deputado Carlos Brito quis fazer a problemas internos do Partido Social-Democrata referência essa que, aliás, não surge isolada, mas sim num contexto de sistemática exploração deturpadora feita pelas organizações ao serviço do partido do Sr. Deputado, nomeadamente o jornal O Diário. São utilizações de mau gosto, que todos nós no Partido Social-Democrata repudiamos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Queremos ainda dizer ao Sr. Deputado que no nosso partido não nos dispensamos de discutir livremente as posições que o partido deve assumir, de discutir livremente aquilo que em cada circunstância concreta entendemos ser a mais fiel aplicação do programa do nosso partido. Tomáramos nós que isso acontecesse noutros partidos, nomeadamente no partido do Sr. Deputado,...

Protestos do PCP.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Estalinistas!

Uma voz do PCP: - Isso é alguma coisa que se coma, Sr. Deputado?

O Orador: -... mas isso não se verifica aí.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - De facto, o Sr. Deputado quis estabelecer um confronto entre a posição do presidente do Partido Social-Democrata e da maioria de um órgão legitimamente em funções do Partido Social--Democrata. Pois nós dizemos que o Partido Comunista Português ficaria bastante melhorado na sua imagem se alguma vez uma divergência desse tipo surgisse em relação ao Sr. Dr. Álvaro Cunhal por parte de outros membros do órgão colegial que ele integra.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Gostava, não?!...

O Orador: - O Sr. Dr. Álvaro Cunhal comete os seus deslizes por vezes efectivamente graves -, mas tem sempre uma cobertura atenta, veneradora e obrigada por parte de todos os seus companheiros de órgão.

Aplausos do PSD.

Risos do PCP.

Por nós, extraímos as nossas ilações quanto às regras que verdadeiramente modelam o funcionamento interno do partido do Sr. Deputado.

O Sr. António Pedrosa (PCP): - Pode estar descansado!

O Orador: - Quanto à execução da Lei das Bases Gerais da Reforma Agrária, pois foi um assunto que, como todos, foi livremente discutido no seio do meu partido. Venceu uma determinada maioria no sentido do voto favorável a essa lei e depois disso o meu partido sempre tem defendido que a lei seja executada, e não vejo que hoje, no seu interior, haja divergências a esse respeito.

Aplausos do PSD.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, era para fazer um contraprotesto.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não vou, naturalmente, contraprotestar quanto às afirmações que o Sr. Deputado Sérvulo Correia acaba de fazer relativamente às críticas e à análise de factos públicos relativamente ao seu partido, que produzi na minha intervenção. Era de esperar que o Sr. Deputado assim fizesse, e fica-lhe bem que assim faça.

Em todo o caso, quando esperava que o Sr. Deputado viesse esclarecer essa questão grave de qual é o apuramento feito no interior do PSD relativamente à atitude que foi assumida na Assembleia da República pelos Deputados sociais-democratas quanto à Lei Barreto, verificamos que o Sr. Deputado Sérvulo Correia cobre essa grave questão para o País com o manto da confirmação e do apoio ao Sr. Deputado Sá Carneiro e às diatribes que ouvimos quando pediu a sua saída do partido, quando abandonou a direcção do seu partido, etc. Não são factos irrelevantes em relação à situação política portuguesa e em relação à opinião pública portuguesa, que possam ser cobertos da maneira simplista como o Sr. Deputado acaba de fazer. São questões importantes que o PSD terá de esclarecer perante a opinião pública portuguesa.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Coitadinhos!

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Ah!

O Orador: -... mas os resultados que mais honestamente se podem e devem comparar são os resultados para a Câmara de Évora em 1976, para que também concorreu a frente APU e os resultados de 1978 para a mesma eleição. É neste resultado que se traduz uma subida em números absolutos de 1400 votos.