deste excesso? E como pensa o Governo evitar que ele se repita?

Quanto aos impostos, o Sr. Vice-Primeiro-Ministro falou a esse respeito, criticando, no fundo, asperamente o sistema, mostrando até que se se aumentassem certos impostos - porventura hoje - o que se iria obter era a diminuição da colecta. Mas a questão que se põe, quanto a nós, não é a de saber que há uma estrutura errada, é de saber que medidas se vão tomar para a corrigir. Porque para nós põe-se esta questão: quem é neste momento mais sacrificado pelos impostos: aqueles que já fogem aos impostos, isto é, quem foge aos impostos? Os trabalhadores por conta de outrem? Ou, porventura, são aqueles que auferem altos rendimentos, os grandes capitalistas?

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Muito bem!

Uma voz do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Foram feitas algumas alusões ao sector privado e ao sector público. Nós dizemos, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, que nunca contestámos nem atacámos a existência do sector privado. Pelo contrário, defendemo-lo, Sr. Vice-Primeiro-Ministro. Mas o problema que hoje se põe não é quem contesta o sector privado, mas sim quem contesta o sector público.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Muito bem!

so no Mercado Comum eram imperativos do desenvolvimento. Bem, eu não vou discutir se a maioria são imperativos do desenvolvimento ou não. Mas eu pergunto-lhe só: e a minoria das transformações que imperativo são? Não será verdade que a minoria das transformações, no dizer do Sr. Vice-Primeiro-Ministro, são imperativos contra a realidade política duramente conquistada por este país, com 48 anos de fascismo e com uma Revolução? Não serão imperativos para nós fazer regressar o País a um estado que, do ponto de vista social, é mais atrasado que o nosso. Não do ponto de vista económico, naturalmente, porque os outros são bem mais avançados economicamente. Ou será essa minoria de transformações que o Sr. Vice-Primeiro-Ministro não referiu?

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: - Eu digo a V. Ex.ª, se for preciso.

O Orador: - Quanto à inflação, aos salários e à contenção de preços, quero também pôr algumas questões. Em matéria de contenção de preços o Programa é muito parco. Diz que se vão normalizar os preços e que se vão diminuir as transferências, isto é, por outras palavras, que se vai, no fundo, diminuir o "cabaz de compras".

O Programa diz que lutar contra a especulação é coisa baldada, não vale a pena. Não será com estas palavras, mas, no fundo, é esta a ideia que está instilada: é muito difícil combater a especulação. Portanto, quem diz que é muito difícil desde logo se declara derrotado em relação a isso. Mas o Sr. Vice-Primeiro-Ministro acabou agora de citar números e, concretamente, que a inflação este ano andará à volta de 5 ou 6 pontos acima daquilo que foi previsto.

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: - Três a cinco!