atender aos problemas imediatos e preparar o futuro do povo português para níveis de satisfação das suas necessidades que estão hoje muito longe daquilo que deveriam ser.

Disse-me V. Ex.ª que a posição do Governo é: "Isto não pode continuar assim, mas tem de continuar assim." Peço desculpa de não responder, mas para mim isso é pura dialéctica e V. Ex.ª vai-me desculpar que não entre em meras discussões formais.

Disse também o Sr. Deputado que não houve o menor pudor em procurar ser bem claro. Julgo que na minha intervenção ...

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Era uma citação de um porta-voz do CDS.

O Orador: - Passou-me esse facto. Mas eu tenho aqui apontado o n.º 3 e ...

Pausa.

O n.º 3 é de V. Ex.ª, Sr. Deputado!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Era uma citação.

O Orador: - Bem, de qualquer forma o que eu vou dizer serve para todos os partidos. Sou independente e, como tal, respondo a qualquer partido da mesma forma.

O Sr. Carlos Broto (PCP): - Muito obrigado!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Eu digo que o programa do Governo não dá.

O Orador: - Sr. Deputado, vamos agir democraticamente. V. Ex.ª já falou e agora falo eu.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Era só para esclarecer o que eu disse.

O Orador: - Pois, dei esperanças aos trabalhadores. Na minha intervenção o que o Sr. Deputado não encontra é demagogia, porque isso não sei fazer. Vamos procurar uma melhor distribuição dos custos da crise económica, através da baixa da inflação e da alteração da tributação. Devo desde já dizer que irei propor a alteração, nomeadamente, do imposto profissional das profissões por conta de outrem, bem como do imposto complementar. Digo por conta de outrem porque há outras profissões onde se devem evitar a evasão e a fraude fiscal. O facto de haver um preço sem recibo de x e um preço com recibo de x+y não pode ser. Isso não!

Vozes: - Muito bem!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Aí tem o nosso apoio!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Creio já ter dito tudo.

Pausa.

Não, não. Ainda tenho outra para dizer.

Falou-se também no poder de compra dos trabalhadores. Os números que tenho aqui, considerando as remunerações com descontos das entidades patronais - se quiserem, no entanto, referir-me-ei a eles sem descontos e o resultado será o mesmo - em 1973, sem descontos, tinham uma percentagem da massa salarial de 46,9%, em 1974 era de 52%, em 1975 era 63,4%, em 1976 começa a baixar, sendo de 62,5%, em 1977 baixa ainda para 59% e este ano é capaz de ter baixado ainda mais. Os cálculos e previsões que existem indicam que baixará na ordem de 3%, ou seja, para 56%. Portanto, estamos abaixo do nível de 1977, de 1976 e de 1975, mas não abaixo do nível de 1974 e de 1973.

Mas, dirão os Srs. Deputados: "Então, se o poder de compra dos trabalhadores tem decrescido, o que é que se passa?" Disse-se aqui que era muito fácil fazer contas, mas não é. Eu explico: a deterioração dos termos de troca ocasionou uma diminuição do poder de compra dos Portugueses de 5%; a vinda dos retornados ocasionou uma perda de poder de compra equivalente a 5% ou 7%, estando já uma parte absorvida e, assim, talvez 3 % ou 4%. Assim, o povo português na sua totalidade diminuiu uns 10% o seu poder de compra no princípio de 1977, mas vamos ía que sejam agora 5 %. Se os trabalhadores mantiveram a sua percentagem no total, quer dizer que a diminuição do poder de compra total foi para