outras classes. Isto significa - a propósito de um slogan que muito se ouve - que quem pagou a crise fomos todos nós. Fomos todos a pagar a crise.

Vozes do PS, PSD e CDS: - Muito bem!

O Orador: - Na verdade, as contas não são assim tão fáceis. É preciso saber fazê-las. Não que sejam difíceis, mas tem de se ter muito em atenção, pois pagámos todos a crise.

Julgo já ter respondido o suficiente. Muito obrigado e desculpem.

Vozes do PSD e do CDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Amónio Guterres, suponho que para prestar esclarecimentos.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Vice-Primeiro-Ministro, é costume nesta Casa, em discussões do Programa do Governo, ter particular tolerância em relação aos tempos de que dispõem os Ministros das Finanças. Já assim aconteceu em outros debates e penso que assim poderá acontecer de novo, para que não lhe seja cerceado o direito à palavra.

Em primeiro lugar, a sua recente intervenção corrobora inteiramente as observações que lhe fiz e, nesse sentido, agradeço-a.

Já agora aproveito para lhe pedir duas ou três precisões, já que tantos números aqui foram citados.

A primeira diz respeito à comparação entre a balança de transacções correntes no 3.º trimestre do ano passado e a balança de transacções correntes no 3.º trimestre deste ano, na medida em que nos parece ser o 3.º trimestre deste ano aquele em que pela primeira vez se fez sentir, não digo na sua plenitude, mas já com alguma intensidade, o programa de estabilização. Portanto, é mais sobre esse trimestre que as comparações fazem sentido do que sobre os dois anteriores.

A segunda é em relação à evolução das importações e das exportações do ano passado para este ano, em volume, na medida em que, numa balança comercial em que as importações ficam, por vezes, no dobro das exportações, é sempre fácil agravar o deficit em escudos, mesmo que as importações cresçam muito menos que as exportações. Portanto, se é possível, peco-lhe os números do crescimento em volume das importações e exportações, não só para o conjunto dos primeiros meses deste ano, como, sobretudo, para o período que decorre no 2.º e 3.º trimestres. Também aí se verifica uma melhoria substancial à medida que se foram fazendo sentir os efeitos do programa de estabilização.

Peço-lhe, portanto, para não ser eu a citar esses números, pois é mais correcto que seja o Governo que, caso seja possível, os forneça.

O Sr. Presidente: - Pode responder, Sr. Vice-Primeiro-Ministro, se assim o entender.

ada 1% do rendimento nacional implica 1,5% de aumento nas importações. Para podermos crescer à taxa de 3,8%, tivemos de pagar uma diminuição menor do que a esperada nas importações.

Aqui tem a resposta.

O Sr. António Guterres (PS): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. António Guterres (PS): - Se me fosse possível interpelar novamente o Sr. Vice-Primeiro-Ministro, perguntaria, na medida em que a simples palavra "melhoria" me parece uma caracterização não suficiente, se é ou não verdade que no 3.º trimestre do ano passado houve um deficit nas transacções correntes superior a 300 milhões de dólares e que no mesmo trimestre deste ano houve um saldo positivo avaliado em, salvo erro, 40 milhões de dólares.

O sr. Presidente: - Sr. Vice-Primeiro-Ministro, se assim o desejar, pode responder.

O Sr. Vice-Primeiro-Ministro: - É verdade. Esses números são verdadeiros. Posso até dizê-los a V. Ex.ª com exactidão. No 1.º trimestre de 1977 tivemos 342 milhões de dólares de deficit. Este ano tivemos 459 milhões, portanto superior ao do ano passado. No 2.º trimestre do ano passado tivemos um deficit de 438 milhões de dólares. Este ano, no mesmo período, tivemos 414 milhões. Houve alguma melhoria, mas em dólares, porque os escudos ...

... têm descido.

No 3.º trimestre - e aqui vai o Sr. Deputado ficar satisfeito com a citação do número que queria que eu dissesse ...

... e aqui vai ele: um deficit de 337 milhões no ano passado e um saldo positivo de 41 milhões este ano.

Está satisfeito?

O Sr. António Guterres (PS): - Muito obrigado!