com sacrifícios pessoais, sermos olhados e com menor justiça - como intrusos, como tolerados, ou como gente de inconfessáveis ambições.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Que ideia!...

O Orador: - O papel que assumimos é complementar do dos demais Órgãos de Soberania; a motivação que nos anima é a de servir; e o espírito que aqui trazemos é o de colaboração digna, íntima e frutuosa com esta Casa.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Caber-me-á, durante o período de vigência deste Governo (de momento nomeado, empossado e em funções), ou seja, ao longo do tempo que ele porventura durar e sob a forma por que durar, garantir e manter directamente ais relações entre ele e esta Assembleia. Um Ministro entre dezoito (contando com os dois Ministros da República). Uma fracção da actividade governamental, portanto. Mas sem esquecer o papel crucial, para o País e para as instituições democráticas, das relações que vierem a desenhar-se e, esperamos, a estabelecer-se entre o Parlamento e um Governo que dele não saiu, muito embora nada imponha que se tenha sido eleito para poder exercer funções governativas em Portugal.

Tendo isto presente, desde os princípios às sensibilidades, e seja qual for o resultado da votação de amanhã, pretendia deixar aqui claramente indicado o caminho que, no exercício destas funções, me parece ser de seguir.

E é simples. Ele consistirá no contacto permanente com os grupos parlamentares e, se nisso não for encontrado inconveniente, com as diferentes comissões desta Assembleia; no diálogo com as forças políticas aqui presentes, mantido na convicção de que cada uma delas representa, organizadamente, u/ma perspectiva da totalidade dos interesses nacionais.

Naturalmente que este diálogo correrá em paralelo com o que o Sr. Primeiro-Ministro entender que vai manter com os dirigentes dos partidos aqui representados.

É racional, por tudo isto, que o Governo procure, caso a caso, uma cobertura mínima desta Assembleia: fá-lo-á desde logo na resposta à acção fiscalizadora que a ela compete; fá-lo-á nas tentativas de concertação sobre medidas legislativas que aqui se forem tomando, quer por iniciativa dos Srs. Deputados, quer por iniciativa governamental.

Será neste espírito que aqui estarei. Na fé de que a Assembleia, consciente das suas responsabilidades, que não enjeita, perante ela e perante a história ...

O Sr. António Macedo (PS): -Muito bem!

O Orador: - ..., condicionará positivamente a acção do Governo - o que é dizer: permitindo-lhe, de maneira positiva, governar.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Antes de terminar estas breves considerações, pretendia desfazer o que suponho haver sido um equívoco gerado à volta da minha participação no IV Governo.

O Ministro Adjunto nada tem de especial que ver, no exercício das suas funções, com as regiões autónomas. Nenhuma delegação do Primeiro-Ministro sobre esta matéria lhe foi feita, nem provavelmente será. As regiões autónomas tem as suas vias próprias, formais e informais, para fazerem chegar a sua voz junto dos órgãos de Soberania, desde o Presidente da República e desta Assembleia até ao Governo de que faço parte.

Vive-se, naquelas regiões, uma experiência política apaixonante, qual é a do nascimento e dos primeiros passos de instituições democráticas regionais que nunca em Portugal haviam existido.

Vozes do PS: - Em Portugal!

patrioticamente, aqui viemos e aqui estamos.

Não contra esta Assembleia, mas com ela.

Aplausos de alguns Deputados do PSD e do CDS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Vital Moreira.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Sr. Ministro Álvaro Monjardino certamente que aceitará que da minha parte seria agradável poder dar-lhe uma saudação de bom regresso a esta Casa, após uma ausência de quatro anos.

Risos do PS e do PCP.

Vozes do PSD: - Psiu!

O Sr. António Arnaut (PS): - Muito bem!