ímpar de parlamentar que muito tem contribuído, cem a sua clarividência e brilhantismo, para o prestígio desta Casa.

Vozes do PS e do PSD: - Muito bem!

à solução da crise -, essa admissível que 05 partidos políticos, sós ou com os grupos e personalidades que então despontaram, sustivessem o que os desumana e dessem as mãos para vencer a crise e salvar a democracia que todos, aqui, com uma ou outra inflexão de voz consideraram ameaçada.

Mas tal não sucedeu. O sentimento de fidalguia de uns, dada por anos de poder, e tanto mais arreigado quanto de arruinada se encontra, como se lê nos romances, fechou-os no seu solar. O novo riquíssimo de outros, afortunados no jogo próprio e nos erros alheios, tornou-os ambiciosos e distantes. O CDS sozinho nada podia fazer. Limitou-se a anunciar publicamente, a quem de direito, a sua disponibilidade para, como sempre, servir Portugal. Servir Portugal - quando e onde for necessário- é o nosso principal objectivo - no sendo do encaminhamento do processo político português para uma democracia estável, assegurada por um equilíbrio político mais ou menos duradouro, e para uma economia desenvolvida seguido os padrões económicos de nível europeu, que corresponda às aspirações do nosso povo e o secularize efectivamente com o Estado de que, quer queiramos quer não, por ora se encontra arredado.

Por isso mesmo, se não é louvável, é pelo menos compreensível a atitude dos partidos que neste momento não se querem comprometer com a governação. Mas importa dizê-lo claramente ao País, para que este entenda, e mão arranjar defesas de avestruz, agitando slogans e chavões, quando não espantalhos. Poderá, por exemplo, o Partido Socialista acrescentar àquela sua tese de governar sozinho, a de não permitir que este país possa vir a ser governado?

Parece que o PSD, segundo declarações repetidas dos seus dirigentes, também só pretende governar sozinho, embora apoiado, é certo, pela maioria dos portugueses - na sua tese, evidentemente - integrados num bloco reformador a surgir em próximas eleições gerais antecipadas.

Mas o PSD, então PPD, alguma vez se preocupou com o voto, quando participou nos sucessivos governos provisórios, partilhou câmaras e meios de comunicação social estatizados e se sentou com os demais, que não o CDS, à mesa do orçamento?

Vozes do CDS: - Muito bem!

Protestos do PSD.

O Sr. António Macedo (PS): - Meta os meninos na ordem, Sr. Presidente!

O Orador: - Não parece ser, portanto, pelas razões que dizem, que estes partidos não aceitam partilhar das responsabilidade do Poder.

É que o Poder, hoje em Portugal, não é apetecível como era em 1974, em 1975 e em 1976, e como foi desfrutado durante os I, II, III, IV, V e VI Governos Provisórios. Ninguém contestará que foi nesse período, em que por má gestão e deficiente autoridade, nos habituámos a viver acima dos nossos meios, que se hipotecou o nosso futuro, o 25 de Abril, a nossa esperança.

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - Malandro!

O Orador: - Foi nesse período, após o 11 de Março, que nos agarraram ao Estado qual servos da gleba, de tal forma que, hoje, libertados embora pelo 25 de Novembro, não deixamos de sentir, cansados e angustiados, o peso dessa carga...

O Sr. Vilhena de Carvalho (PSD): - Coitadinhos!

O Orador: -... o peso do Estado que, roubado à pessoa, não devia ser Estado, mas da pessoa, e que talvez hoje não fosse peso, e, se porventura o fosse, não seria seguramente por todos nós suportado como é.

Ninguém contestará que os factores determinantes da crise actual, direita ou indirectamente, datam de então.

Não nos interessa nem vale muito a pena, hoje, imputar responsabilidades. Mas interessa, de quando em quando, chamar a atenção para factos concretos da nossa história recente.

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Com efeito, a arteriosclerose ...

Uma voz do PSD: - De quem?

O Orador: -... que afectou e continua a afectar o nosso país tem como sintoma, e também consequência, esquecer o passado curto e dar demasiado relevo ao passado remoto.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Considerar-se-á como de demissão a atitude dos partidos que enjeitam assumir as suas responsabilidades na hora presente.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Em política, os partidos existem precisamente para governar. E como a função governativa é, por definição, inerente ao Estado, alguém tem