de governar. A conclusão é chocante. Mas é um aviso e uma reflexão. Por isso, com humildade, e diria até com um certo alívio agradecido, devemos aceitar a presença aqui do IV Governo e a fornia anómala como se processou a sua formação - anómala em termos de praxe democrática, não em (temos ás para constítucional, repito.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Muito bem!

O Orador: - O País precisa de ser governado. O V Governo propõe-se fazê-lo. É positivo. Em meu entender, os dois principais partidos portugueses não podem criticar uma solução que, com vista à integração de um vazio indesejável, era a única viável, por virtude dos obstáculos praticamente insuperáveis por eles próprios levantados.

De qualquer modo, creio que não é de estranhar que, como representante do CDS, que não tem culpas no cartório, como se costuma dizer (risos do PSD), relativamente aos factores que determinaram o tipo e o processo de formação deste Governo, dito de independentes realistas e reformadores, manifeste aqui o meu sentir e encoraje a formação de um movimento de entendimento de todos os partidos democráticos, de modo a contribuírem para uma vasta acção de unidade e maioria democráticas que permita ao Governo, que ora se apresenta perante a Assembleia da República, desenvolver e dar execução às medidas constantes do seu Programa, certamente cem as alterações que lhes vermos a impor, dentro dos parâmetros da acção política e da acção económico-social que nos propõe, em todo o caso, naturalmente, sob a nossa estrita fiscalização, nos termos constitucionais.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Que apoio item o actual Governo?

Os seus pés de barro são manifestos e nós fomos os primeiros, aqui nesta tribuna, a denunciá-lo. Fomos os primeiros a referir a fragilidade deste Gabinete e a combater a 'hipótese do exercício da função governativa por intermédio de maiorias flutuantes -pragmáticas, sem dúvida -, mas desinseridas de uma política de conjunto, como a que diz pretender o actual Governo, que se reclama de «uma actuação pautada pelo realismo político e económico» que, nas próprias palavras do seu Programa, e ao arrepio do III Governo, não se pode confundir com o «mero pragmatismo tecnocrática, alheio a uma opção valorativa».

A crise é manifesta e nisso todos estamos de acordo. E também concordamos, avisadame nte, nos riscos que esta crise pode comportar para a preservação e fortalecimento da democracia em Portugal. Daí que consideremos aventureirismo o negarmo-nos a colaborar cem todas as nossas forças na superação da crise. Somos nós, partidos políticos democráticos, que retirámos do voto directo a nossa legitimidade, que temos a confiança dos Portugueses, somos nós que temos o dever de vencer a crise para salvar a democracia. Fomos nós que salvámos o sistema democrático e pluralista no passado, contra o totalitarismo que o asfixiou, somos nós que o teremos de defender no futuro.

Somos nós partidos políticos democráticos!

Não havia então independentes. Não vimos independentes na manifestação grandiosa da Alameda de D. Afonso Henriques.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Não vimos independentes no cerco ao RASP no Porto...

Uma voz do PSD: - Não estava lá!...

O Orador: -... nem foram independentes que impediram a intervenção da Base de Monte Real no 25 de Novembro. Não foram independentes que sofreram o sequestro do I Congresso do meu partido. Não foram independentes que foram peso e seviciados.

Fomos nós, partidos políticos democráticos ...

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - E no tempo do fascismo ande é que estiveram?

O Orador: -... que então lutámos com ânimo contra um inimigo comum, de mãos dadas, sem cuidar das estratégias partidárias, com os olhos postos em Portugal, na democracia e na liberdade.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Foram os legítimos representantes do povo, os nossos antecessores constituintes - muitos de vós, Srs. Deputados -, que reagiram contra ameaças e cerca e souberam com exemplar coragem, física e moral, dignificar esta Casa e cumprir até ao fim o seu mandato.

O Sr. António Macedo (PS): - Muito bem!

poderes paralelos e outros resíduos de privilégios revolucionámos. Cumpre-nos recuperar todas as potencialidades culturais da identidade portuguesa como suporte da nossa própria independência.

O Sr. Fernando Cosia (PSD): - Muito bem!

Vozes do CDS: - Muito bem!