filiados na União Europeia das Democracias Cristãs - mesmo na oposição - se tenham manifestado favoravelmente a essa entrada?

Vozes do CDS: - Muito bem!

Uma voz do PSD: - E mesmo os não filiados!

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para um curto esclarecimento à Câmara.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Poderia depreender-se das palavras do Sr. Deputado Ângelo Correia que a posição negocial portuguesa em relação à adesão ao Mercado Comum estaria profundamente desprestigiada. Quero dizer-lhe que essa impressão é totalmente errónea. Na realidade, a Comissão das Comunidades, por diversas vezes, quer em público, quer em privado, prestou elogio caloroso à actividade das entidades portuguesas ligadas ao processo de adesão.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Muito bem!

Aplausos do PS.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Qual é o prestigio-metro?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Ângelo Correia para responder, se assim o entender.

O Sr. Ângelo Correia (PSD): -Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Deputado Carlos Robalo honrou-me com uma das suas perguntas habitualmente esclarecidas e devo dizer que S. Ex.ª fez muito bem em não referir o problema dos ratos, dos elefantes e das montanhas, já que eu realmente para Aníbal não tenho vocação.

Risos do PSD.

Não julgo que tenha cometido qualquer calúnia em relação aos I e II Governos Constitucionais. Apenas fiz uma constatação de factos. Devo dizer que factos rebatem-se com factos e para os factos que apontei V. Ex.ª, Sr. Deputado Carlos Robalo, só tem um método político: é contrapor os mesmos factos no mesmo plano e rebatê-los. Se V. Ex.ª não o fez, é porque tacitamente os aceitou e nessa exacta medida V. Ex.ª não pode falar de calúnia.

Para comprovar o facto de a gestão dos I e II Governos Constitucionais terem sido eficazes no domínio da adesão ao Mercado Comum, o Sr. Deputado referiu o faço de todos os países que pertencem à Comunidade Económica Europeia ...

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?

O Orador: - No fim,

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - No fim não poderei

interromper.

O Orador: - Não poderá interromper, mas poderá fazer uma adenda.

O facto de os países e os partidos, filiados ou não em que organização for, terem dado apoio comum e unânime à adesão portuguesa releva de duas circunstâncias muito simples: a primeira são exactamente as mesmas razões que me levaram hoje, tal e qual' como nos levaram em 1974 e em 1977, a defender que a nossa inserção na Europa estava, certa. A relação europeia não é uma relação unívoca, mas uma relação em dois sentidos e como tal, se é de nós para a Europa, é natural que tenha também uma tradução da Europa para nós.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Mas se essa ligação se fez, foi aceite e se o próprio parecer da Comunidade foi dado no sentido favorável, o Sr. Deputado Carlos Robalo lê o parecer da Comunidade sobre a adesão de Portugal e regista as alterações que a própria Comunidade aí aponta como necessárias à transformação do Portugal.

O Orador: - O que digo e que nós pensamos é que, se o não fizermos em termos de transformar hoje Portugal, as nossas condições daqui a seis, sete, oito ou dez anos não terão hipóteses de podermos competir na Europa.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Manter um statu quo, manter um imobilismo, não transformando o País nem preparando o País, apenas contribui para não podermos ser membros da Europa.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Por isso o nosso alerta aqui, hoje, é no sentido de provocar já essas transformações e não ser a Europa a impor-nos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à questão que o Sr. Deputado

António Guterres colocou, e pela forma como a colocou, eu devo dizer que não disse isso. E vou ditar aquilo que disse. É o seguinte: «De tudo isso resulta que a posição negocial portuguesa não está a ser acau-