são as consequências que resultaram da minoração dessas questões. Por exemplo, o Sr. Deputado não disse que o Orçamento Geral do Estado, antes da tomada de posse do III Governo, já estava excedido a tal ponto que, mesmo com a contenção de despesas praticada pelo Hl Governo, o deficit apenas do sector público administrativo era de 70 milhões de contos, a tal ponto que o objectivo que o II Governo tinha fixado, ou seja, de 7 % do PNB, passa paxá 9 %. Mas o Sr. Deputado António Guterres esquece isso, esquece que os subsídios às empresas públicas aumentaram em 2,3 milhões de contos - contrariamente ao prescrito no próprio programa de acção para 1978 do Governo do PS. O Sr. Deputado não diz que a reedição dos deficit foi através de um aumento de desemprego. Basta verificar os últimos índices do Departamento Central de Planeamento, onde se verifica que os pedidos de emprego aumentaram drasticamente 7,9 % nos últimos três meses e, pelo contrário, as aferias reduziram-se em 7,6 % e as colocações diminuíram em 6,7%.

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - É o crescimento da produção.

O Orador: - O Sr. Deputado também não diz que a diminuição do investimento foi um facto real neste país e com uma estimativa de quebra de cerca de 4,8 %. O Sr. Deputado não diz que a diminuição do ritmo de construção foi de 5 % e que a diminuição da venda de aço para a construção foi também de 5 %. O Sr. Deputado esquece que essa travagem do crescimento e a mineração dos deficit foi obtida através do aumento drástico dos encargos das dívidas interna e externa, de 4,5 para 5,5 mu milhões de dólares.

Naturalmente que o Sr. Deputado puxa por uma realidade com dois tomas, duas áreas e dois enfoques limitados, com uma redução sensivelmente pequena. O Sr. Deputado tenta fazer um fogo fátuo. Só que ele é fátuo porque as consequências desses aumentos traduzam-se, na prática, nos Indicadores de aumento de desemprego, de diminuição de produção, de habitação, em vaiares extremamente substanciais.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Muito bem!

O Sr. Rui Pena (CDS): - Por que é que se opôs ao aumento da gasolina?

O Orador: - É evidente que os efeitos nas duas variáveis económicas são equivalentes, ou seja, os tempos de aplicação e maturação desses efeitos são análogas. São iguais para o aumento de preços e para a redução dos deficit da balança comercial e da balança de transacções correntes.

O Sr. Deputado António Guterres, portanto, mistificou segunda vez e daí o nosso protesto.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vital Moreira.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Sr. Presidente: Srs. Deputados, Sr. Deputado António Guterres: Tenho apenas uma simples questão a colocar-lhe.

O Sr. Deputado permitiu-se afirmar que o PCP tinha tomado uma posição de «tolerância envergonhada» em relação ao Governo de Nobre da Costa.

Vozes do PS: - É verdade!

O Orador: - Para quem conhece as atitudes do PCP em relação ao Governo de Nobre da Costa isso é perfeitamente risível.

Em todo o caso, isto obriga-me a perguntar o seguinte: a tolerância manifestada pelo Partido Socialista em relacão ao Governo de Mota Pinto, que tem sido demonstrada ao longo do debate, se vier a confirmar-se par uma posição de não rejeição, como é que deve ser qualificada? Como tolerância envergonhada ou desavergonhada?

Aplausos do PCP e risos do PSD.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado António Guterres, antes de lhe conceder a palavra para responder aos pedidos de esclarecimento queria preveni-lo de que apenas dispõe de quatro minutos.

Tem V. Ex.ª a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António Guterres (PS): - Procurarei ser bastante breve, Sr. Presidente.

Começarei por responder ao Sr. Deputado Vital Moreira. Naturalmente que, se o PS decidir não votar contra este Governo, fá-lo-á conscientemente, sem complexos, e não apresentará moções de rejeição, recusando-se a votar as moções dos outros partidos.

Aplausos do PS e do Deputado Cunha Simões (CDS).

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Quer dizer que é desavergonhada!

O Orador: - A Sr. Deputada Helena Roseta proeurou fazer aqui, em breves palavras, a história da vida do Partido Socialista. Não vou naturalmente fazer o mesmo em relação ao PSD, sobretudo repescando apenas alguns aspectos mais caricatos ou mais risíveis. Ter a imenso que contar, passaríamos um serão muito divertido e agradável.

Risos do PS.

Penso, no entanto, que isso não tem qualquer interesse.