direita apoiavam a política do Ministério e a partir de certa altura deixaram de a apoiar. Era sinal de que começavam a acreditar naquilo que eu dizia.

O Sr. Antídio Cosia (PSD): - Isso aconteceu com a direita e esquerda.

ganhar mais. Mas também disse que há possibilidade de realmente os Srs. Deputados apresentarem sugestões, mas, então, que digam onde é que o nosso modelo se afasta dos princípios constitucionais.

O Sr. Antídio Cosia (PSD): -Sr. Deputado, não foi isso que perguntei, mas se entende que existem outros sistemas alternativos ao projecto que apresenta.

O Orador: - Sr. Deputado, naturalmente este projecto não é uma obra acabada. Eu também o disse e repeti. Todavia, penso que ele é fiel às linhas fundamentais traçadas na Constituição que são os princípios da universalidade, generalidade e gratuitidade, que são os caminhos que hão-de levar, diz a Constituição, à socialização da medicina e dos sectores médico-medicamentosos. Mas o Sr. Deputado que pertence a um partido que se reclama da social-democracia e, portanto, do socialismo reformista, diga-me qual é o objectivo final do socialismo democrático.

Risos do PS e do PCP.

Numa outra questão o Sr. Deputado perguntava-me como é que eu penso que os médicos podem ser levados para os concelhos. Quanto a isso, Sr. Deputado, neste momento há seiscentos policlínicos no desemprego, dentro de dois anos, segundo os cálculos que fizemos, haverá quatro a cinco mil se o Serviço Nacional de Saúde não for concretizado. Mas, ainda assim, o Sr. Deputado pergunta-me se haverá médicos.

Quero dizer-lhe que nós não contamos apenas com os médicos jovens. Há médicos que vivem nas aldeias, o meu médico pessoal, o meu médico de família, tem 78 anos e ainda exerce a medicina porque não tem qualquer reforma, visto que foi expulso de um lugar público por motivos políticos,...

O Sr. Aboim Inglês (PCP): - Muito bem!

Vozes do PS: - Muito bem!

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E assim lhe digo mais, Sr. Deputado: prevê-se até que o médico que exerce a sua clínica num consultório de aldeia, onde trabalha há vinte ou trinta anos e que quer entrar para o SNS -já se sabe que o médico de clínica geral trabalha em regime de exclusividade, não pode acumular com a medicina privada -, possa continuar a exercer a sua actividade nesse seu próprio consultório, onde as pessoas já estão habituadas a ir, enfim, onde ele tem um longo passado que é preciso preservar. E por isso esse médico poderá, em certas circunstâncias e mediante o pagamento de uma renda pelo Estado para a ocupação das suas instalações, continuar a exercer a sua profissão nesse local.

O que de facto é preciso é que estabeleçamos os princípios gerais do Serviço Nacional de Saúde e nesses o Partido Socialista é intocável. Não diremos que o projecto é infalível, mas, nesse caso, os Srs. Deputados dirão onde é que ele se afasta da Constituição.

Risos de alguns Deputados do CDS.

Srs. Deputados do CDS que se riem: a Constituição é uma grande conquista do povo português. Não é uma bíblia, não é realmente um livro sagrado. Deve ser revista e apreciada de harmonia com os interesses do povo português, mas não queiram fazer a revogação do artigo 64.º Este artigo não pode ser revogado, o que pode é ser aperfeiçoado e a Constituição não vai ser revista no sentido que VV. Ex.ªs querem.

Aplausos do PS, do PCP e dos Deputados independentes Cardoso e Vital Rodrigues.

O Sr. Deputado perguntou-me também se eu acredito que o projecto modifica o ambulatório. O ambulatório, para os Srs. Deputados menos familiarizados com estes problemas, é, no fundo, os Serviços Médico-Sociais, as caixas de previdência. Ora o projecto