se ela própria não se entregasse a acções repressivas arbitrárias e criminosas, como quando assassinou à bala José Jorge Morais, Luís Caracol e outros cidadãos, sem sequer ter assumido as suas responsabilidades e tendo ainda mandado para tribunal aqueles que contra isso protestaram. Esta será uma razão pela qual nós não votaremos favoravelmente este voto de pesar.

Mas outra razão para não votarmos este voto è a de ele ser apresentado pelo PPD/PSD, que aqui se recusou a votar votos de protesto apresentados pela UDP contra o bombismo e contra outros actos terroristas ocorridos na Madeira, que não se associou à homenagem feita ao padre Maximino, assassinado pêlos bombistas em Vila Real.

«O bombismo é a força dos cobardes», «a violência è a voz dos que não têm lugar em democracia», são bonitas palavras que o PSD, pela voz do Sr. Deputado Eduardo Vieira, podia ter dito quando foi chamado a depor no julgamento da rede bombista, tendo, ao invés disso, actuado como defesa, como testemunha abonatória de um dos mentores dessa rede bombista, o conhecido cacique de Murça Ferreira Torres.

O PSD apresenta hoje este voto, mas o facto de o apresentar depois destas atitudes que referi, atitudes que na prática dão cobertura e encorajam acções deste tipo e das quais nunca se retratou, é a segunda razão pela qual a UDP não votará favoravelmente o voto de pesar.

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - Sr. Presidente, dá-me licença?

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Aires Rodrigues, eu não lhe posso dar a palavra sobre este assunto, conforme determina o n.° 3 do artigo 86.° do Regimento.

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - V. Ex.ª procederá como entender, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - É assim que eu entendo. Vamos passar à votação do voto de pesar apresentado pelo PSD.

Submetido à votação, foi aprovado, com a abstenção da UDP.

O Sr. Lopes Cardoso (Indep.): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Para que efeito deseja usar da palavra, Sr. Deputado?

O Sr. Lopes Cardoso (Indep.): - Para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Lopes Cardoso, se um voto for assinado por Deputados independentes, é claro que estes podem manifestar-se, mas, fora disso, entendo que não.

O Sr. Lopes Cardoso (Indep.): - Sr. Presidente, eu queria apenas fazer uma rectificação. É evidente que, apresentando os Deputados independentes um voto, é lógico que eles se possam pronunciar sobre ele. Mas não era nesses termos que a praxe existia. Registo, no entanto, que o Sr. Presidente considera encerrada essa praxe.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Robalo para uma declaração de voto.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O sentido do nosso voto é a declaração clara do nosso repúdio pelo acto praticado.

O nosso pesar melhor fica calando-me. Assim referimos tão-somente que a vontade de matar e todos os actos ligados a essa vontade, que repudiamos na sua globalidade, não têm lugar em democracia, impondo-se que, com toda a urgência, sejam tomadas, através dos poderes constituídos, as necessárias medidas, que já tardam, para evitar, julgar e condenar tais actos.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, também para uma declaração de voto, o Sr. Deputado Coelho de Sousa.

O Sr. Coelho de Sousa (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Partido Social-Democrata votou naturalmente a favor do voto que propôs, por considerar de elementar justiça reconhecer o contributo dado à paz social portuguesa pêlos especialistas de minas e armadilhas da PSP. Têm estes actuado em constante e vigilante missão de neutralizarem engenhos explosivos colocados por antidemocratas e, consequentemente, apoiado o povo português na sua determinação de viver em liberdade e democracia, conquistadas em 25 de Abril de 1974 e reafirmadas em 25 de Novembro de 1975.

Sendo altura de todos os portugueses se encontrarem consigo próprios e manifestarem por todas as formas os seus sentimentos de solidariedade, de entreajuda, de convivência, o Partido Social-Democrata exige do Governo a firmeza necessária, nas medidas julgadas convenientes, para a erradicação de Portugal das actividades bombistas e terroristas.

O Partido Social-Democrata associa-se na amizade e na dor com todos os familiares dos agentes da , PSP mencionados neste voto.