estabelecesse relações diplomáticas com todos os países do Mundo, não pode deixar de se congratular com este facto e nesse sentido votámos favoravelmente o voto de congratulação apresentado pelo CDS. Também não podemos deixar passar esta oportunidade sem enviar as nossas saudações ao povo chinês.

O Sr. Rui Pena (CDS): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Deu entrada na Mesa um voto de pesar apresentado pelos cinco partidos representados nesta Assembleia. Para proceder à sua apresentação, .tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Nunes.

tantos anos esteve ligado e onde mantém uma presença espiritual e cultural bastante intensa -, e particularmente no Paquistão, esta voz de Portugal democrático e da Assembleia da República terá certamente eco no espírito e na vontade dos democratas e do Governo do Paquistão para impedir a execução de uma sentença odiosa e que, em si mesma, é criminosa.

Creio que pouco mais haverá para dizer senão desejar que este voto de pesar ajude à formação de uma vontade e à correcção de uma injustiça.

Vozes rio PS: - Muito bem!

O Orador: - Temos a certeza que a Assembleia da República lhe dará pronta execução para que a voz do povo português se faça sentir juntamente com todas as vozes de todos os povos livres do Mundo que clamam contra a execução do

ex-Primeiro-Ministro do Paquistão Ali Bhutto.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, o voto de pesar está em discussão.

Alguém pretende usar da palavra?

Pausa.

Vamos passar à votação do voto de pesar.

Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Magalhães Mota para uma declaração de voto.

dizer que os direitos do homem têm sentido porque os homens existem e que, por isso mesmo, o direito à vida é o primeiro de todos os direitos.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador:- Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostaria de, com toda a simplicidade, mas também com toda a força, poder dizer em nome da minha bancada uma coisa que já foi dita por André Malraux na sua obra a Condição Humana: «Uma vida nada vale, mas nada vale uma vida.»

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Igualmente para uma declaração de voto, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O CDS votou com comoção este voto de pesar, voto que é uma esperança ardente que se manifestou nesta Assembleia, para que não se cometa mais um crime contra a Humanidade. De facto, penso que, em 1979, condenar à morte por razões políticas é qualquer coisa tão aberrante qua levantou pelo Mundo inteiro, não diria a indignação, mas o espanto da Humanidade. Os jornais de hoje dão a notícia de que as maiores figuras políticas do Mundo interpuseram o seu recurso contra este acto de injustiça, contra este acto indigno da Humanidade e que no fundo nos ofende a todos nós.

De facto, a vida do homem é alguma coisa que não se compadece com o uso e abuso dos outros homens sobre ela. E se uma pena de morte é sempre alguma coisa que nos fere no mais íntimo de nós próprios, uma pena de morte anunciada por razões políticas ainda é mais aberrante do que tudo isso, porque significa abrir as portas a todas as forças da vingança, onde se podem abrigar todos os homens que não estão atentos ao interior da sua alma. Se Ali Bhutto for condenado e morto por razões políticas, a Humanidade saberá, de ciência certa, que dentro de mais ou menos tempo outros homens, por razões inversas, serão mortos por motivos políticos.