O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Cunha Leal.

do inacreditável. Portanto, aquilo que eu ponho em causa não é o direito à greve, que pode ser sempre discutido, mas que é sem dúvida um dos direitos fundamentais de todo o trabalhador, seja qual for a sua profissão.

O problema que neste momento está em causa é precisamente o de saber se o exercício do direito à greve não deveria ter sido suspenso numa altura em que precisamente se verificaram as ocorrências a que acabo de referir-me e a que o Sr. Engenheiro Veiga de Oliveira deu o devido relevo. Por mim, entendo que os trabalhadores só se teriam nobilitado se tivessem tido em consideração as circunstâncias anómalas que vivemos, mostrando a toda a gente que, sem abdicarem de um direito sagrado e inalienável da sua própria classe, como aliás de todas as classes de trabalhadores, punham de lado o exercício desse direito para precisamente ocorrerem a uma emergência ameaçadora do bem-estar e da sobrevivência do País, essa intempérie que S. Pedro parece ter desabridamente feito desabar sobre nós, apesar do fundo atávico de catolicismo deste país, que parece não ter entrado em linha de conta lá para as bandas dos domínios de S. Pedro.

Em todo o caso, isso deveria ser tido em conta, sustento eu, pelos trabalhadores da companhia dos Telefones de Lisboa e Porto. E a nossa única discordância neste momento - sem que eu com isso signifique que estou em discordância com o factor determinante da greve e da manutenção da mesma - é a razão determinante da minha intervenção de há pouco. Isto parece-me que não foi nem pode ser posto em causa por ninguém de boa fé, e é de boa fé que eu entendo que o Sr. Engenheiro Veiga de Oliveira há pouco usou da palavra.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Vou ser muito breve, mas não posso deixar de assinalar que o Sr. Engenheiro Veiga .de Oliveira, depois de fazer um apelo à precisão e ao rigor das afirmações aqui produzidas, estranhasse que eu tivesse sido rigoroso e preciso nas minhas afirmações.

Sr. Engenheiro Veiga de Oliveira, não misturei, nem tenciono misturar, os dois problemas que aqui foram focados. São duas faces da mesma realidade, e isso não o podemos ignorar, quer queiramos, quer não.

Ainda na linha da precisão, gostava de dizer ao Sr. Engenheiro Veiga de Oliveira que a lei da greve prevê e exige que os equipamentos sejam mantidos em boas condições de funcionamento, não sendo portanto verdade o que por vezes se diz, ou seja, que em consequência de qualquer greve se tenham de deteriorar equipamentos, particularmente determinados equipamentos que nem sequer são de produção nacional e cujos prazos de entrega ninguém sabe quais serão. Isso não é pois, que quanto a rigor e precisão, Sr. Engenheiro Veiga de Oliveira, não tenho que me penitenciar, na medida em que fui rigoroso, preciso e não atirei culpas, além daquelas que são merecidas, sobre outras pessoas. Reconheci que, apesar de tudo e apesar de eventuais manipulações, os homens continuam a ser homens, estejam nos TLP ou noutro sítio qualquer.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sr. Presidente, dá-me licença?

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, dê-me também licença que lhe exponha o seguinte: no prolongamento do período de antes da ordem do dia só pode usar da palavra um Deputado por partido, durante cinco minutos. Já falaram três ou quatro Deputados de cada partido e durante muito mais do que cinco minutos. Ainda não entrámos no período da ordem do dia e assim não sei quando lá chegaremos. Portanto, ponho este problema à consciência do Sr. Deputado Veiga de Oliveira.