O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sr. Presidente, serei extremamente breve, pois reconheço que não se pode eternizar esta questão, mormente porque há um certo tom repetitivo naquilo que se diz. Em todo o caso, porque eu estou a ser um pouco o foco, naturalmente, como representante do meu grupo parlamentar, acho que me são devidos pelo menos dois minutos para esclarecer algumas questões.

Sr. Deputado Cunha Leal, venho dizer-lhe que não é a sua boa fé que está em causa. No entanto, em tudo o que o Sr. Deputado disse está o pressuposto de que a greve agrava por alguma forma as dificuldades advindas das calamidades que caíram sobre certas regiões do País. E esse pressuposto, Sr. Deputado, naturalmente, em meu entender, é o eco das calúnias que lá fora circulam, mas que não põem de forma nenhuma em causa a sua boa fé. Efectivamente, partindo desse pressuposto, podem tirar-se todas as conclusões que se queira, mas o que não está de forma nenhuma demonstrado, antes pelo conservado. E o que afirmam, com a responsabilidade que têm, os grevistas dos TLP.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Desculpe, mas não está!

O Orador: - Sr. Deputado, isso é uma afirmação, mas contra essa afirmação há a de um plenário de 6000 trabalhadores dos TLP. Mas, quanto a prejuízos, é evidente que qualquer greve causa sempre prejuízos.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Não é inevitável!

O Orador: - Se a greve não causasse prejuízos não tinha nenhuma espécie de força, Sr. Deputado. A greve só é uma greve dos trabalhadores para fazer reconhecer os seus direitos precisamente porque produz efeitos que prejudicam alguém.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Prejuízos é uma coisa, destruição é outra.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Atacam o direito à greve dos trabalhadores dos TLP, confundem cheias com greve...

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Está muito enganado!

O Orador: - ..., confundem telecomunicações com inundações (aplausos do PCP); e depois dizem: Oh céus, nós estamos isentos desse pecado!

Sr. Deputado Nuno Abecasis, por que é que eu estive aqui a tarde inteira a defender o direito à greve dos trabalhadores dos TLP? - Não a greve, porque essa decidem-na eles. Por que é que eu estive aqui a tarde inteira a combater a manipulação de certas ideias que correm na imprensa, em certos órgãos de informação, ou de desinformação (como queira)? Porque o Sr. Deputado atacou a greve, e não só. Não diga, pois, que não ataca a greve, porque de facto é o que tem feito.

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - As eleições ainda vêm longe!

O Sr. Cunha Leal(PSD): - Sr. Presidente, dá-me licença?

O Sr. Presidente: - Oh Sr. Deputado Cunha Leal, peco-lhe que me ajude a cumprir o Regimento! Por este andar ninguém se entende nesta Casa!

O Sr. Cunha Leal (PSD): - Sr. Presidente, pedi a palavra para um breve protesto, para apenas fazer ciente a Câmara, e muito em particular o Sr. Engenheiro Veiga de Oliveira, que muito prezo, do seguinte: de que eu não sou vazadouro das calúnias que por aí correm. Se efectivamente existem calúnias a tal respeito, elas não me tocam. O que tocam é a opinião pública e é isso que é preciso acautelar em nome da defesa dos bons princípios, em nome da defesa do direito à greve, em nome da defesa dos direitos da democracia. É isso o que importa. Em democracia, tal como a mulher de César, não importa ser sério, importa parecê-lo. É que, com o seu comportamento, os grevistas dos Telefones de Lisboa e Porto não parecem ser sérios, havendo quem duvide que o sejam.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis, a quem peço para ser rápido.