terra abandonada porque não há quem a arrende; há muita terra abandonada porque não vale a pena trabalhar a terra neste país ...

O Sr. Víior Louro (PCP): - Posso interrompê-lo. Sr. Deputado?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Quererá o Sr. Deputado concluir que há proprietários a mais neste país?

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Há é trabalhadores a menos!

O Orador: - Responde. Sr. Deputado, dizendo que há proprietários a mais, porque há muita gente que se considera portuguesa de alma e coração, que lutou uma vida inteira e que o único sítio que tem para empatar o seu capital é a terra, arrendando-a ou, por vezes, emprestando-a.

Esta é uma triste verdade eco que acontece, apesar de não haver estatísticas, porque nunca fomos fortes nelas. Basta falar com senhorios, com rendeiros ou com quem trabalha o campo para confirmar isto.

Gostaria que o Sr. Deputado, com toda a vontade que tem, fosse apanhar, por exemplo, a azeitona, pois há muita para apanhar.

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Muito bem!

Vozes do PCP: - Já temos ido!

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Olhe que a apanhava mais facilmente que o Sr. Deputado, de fatinho!...

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Está contratado o rancho do PCP!

O Sr. Mendes Godinho (PS): - Posso interrompê-lo. Sr. Deputado Faria de Almeida?

O Orador: - Faz favor.

É nesta perspectiva que talvez o Sr. Deputado deva ver o arrendamento.

É a existência de excedentes de mão-de-obra na agricultura que leva a que as pessoas, não tendo mais nada que fazer, vão trabalhar para essas terras. É uma situação muito grave, que não impede que se faça uma lei que defenda a empresa agrícola, isto é, a pessoa que arrendou uma terra tem de ter estabilidade, tem de poder investir na terra para produzir os alimentos, como o Sr. Deputado diz e com muita razão, de que o povo português necessita. E para haver essa estabilidade e esse investimento na agricultura é preciso dar segurança ao rendeiro. Isto não tem nada a ver com uma, digamos, socialização da agricultura, mas tem a ver, sim, com a própria sobrevivência de um povo, que tem de produzir para comer.

O Orador: - Tenho a impressão de que eu já disse tudo isso e o Sr. Deputado não acrescentou agora nada de novo. Apenas deu azo a risos, e é evidente que a mim não me dá vontade nenhuma de rir, porque, como profissional que sou a trabalhar na agricultura,...

Risos do PCP.

... e lidando com rendeiros e senhorios, lenho uma certa experiência.

Os Srs. Deputados que se riem ainda podem ir lá acima aprender um pouco sobre estas questões porque ainda sou capaz de os ensinar.

Risos do PS e PCP.

A verdade. Sr. Deputado, é que com essas alterações à lei se criam, de facto, litígios entre rendeiros e senhorios. E convido os magistrados que se sentam nesta Câmara a dizerem-me quantos casos de litígio entre rendeiros e senhorios lhes passaram pelas mãos antes do 25 de Abril e pergunto aos juizes deste país quantos casos julgaram ...

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Vítor Louro (PCP;: - Isso é que era bom de ver!...

O Orador: - Digo aqui, e muito bem, que a palavra do homem (ainda acredito nela) faz lei lá em cima, e quando digo já em cima refiro-me ao Norte. Creio que esses contratos que se faziam por palavra tinham na sua base. pelo menos, qualquer coisa de útil que era a produção, coisa que não vejo hoje, porque cada vez se produz menos.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, desculpe interrompê-lo, mas está a fazer uma intervenção, e não a dar esclarecimentos.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Presidente, mas era mesmo para fazer uma intervenção.

O Sr. Carvalho Cardoso (CDS): - Sr. presidente dá-me licença?

O Sr. Presidente: - Para que efeito é que o Sr. Deputado pede a palavra?