É evidente que não acho, Sr. Deputado, mas também não entendo que seja por meio hectare de terra que se confira o direito a habitação a outra pessoa.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Está claro!

O Orador: - Referiu também a questão dos rendeiros .novos e velhos e perguntou-me como é que eu resolveria objectivamente a questão. Aliás, o Sr. Deputado Mendes Godinho tem várias .intervenções nesta Assembleia, mostrou-se muito sensível a este aspecto, pelo que me e simples responder: isto não envolve nenhuma questão de outro mundo; tratasse apenas da reforma antecipada dos agricultores, a exemplo, aliás, do que outros países pela Europa fora já fizeram.

Vozes do PSD e CDS: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por isso mesmo o Sr. Deputado está sentado na bancada do Partido Comunista Português e eu estou sentado na do Partido Social-Democrata.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Lá isso é verdade!

Aplausos do PSD.

Aplausos do PCP.

A sua e a filosofia dos senhorios e a minha é a dos rendeiros!

O Orador: - O Sr. Deputado tem uma visão da sociedade que respeito, mas que não posso de maneira nenhuma seguir.

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Nunca diga: desta água não beberei...

O Orador: - E isto levanta a questão de se saber que tipo de sociedade desejamos para o nosso país. Creio que a resposta foi dada em termos muito claros pelo eleitorado nas várias consultas que lhe foram feitas.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por isso os Srs. Deputados são de um partido minoritário e o nosso, sendo também minoritário, é maioritário em relação ao vosso. Isto é lógico.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Ah! Grandes maiorias!

Protestos do PSD.

O Sr. Presidente: - Haja cordialidade, Srs. Deputados.

O Sr. Magalhães Mota (PSD): - E haja maiorias, Sr. Presidente. Finalmente estamos em democracia e elas devem ser respeitadas.

O Orador: - De resto, Sr. Deputado Vital Moreira, o que penso e que digo é verdade e, provavelmente, dentro de pouco mais de um ano teremos oportunidade de ver qual o modelo de sociedade que os Portugueses pretendem,...

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - Prepare-se, prepare-se capciosamente!

O Orador: -... se aquele que é propugnado pelos Srs. Deputados ou o que o Partido Social-Democrata propõe ao eleitorado português.

Discorda o Sr. Deputado Vital Moreira da minha afirmação de que o Partido Comunista Português tenha feito de forma capciosa a diminuição do direito de denúncia. Devo dizer que é, efectivamente, uma forma capciosa, porque o PCP não pretende diminuir o direito de denúncia, mas simplesmente eliminá-lo capciosamente. Daí o facto de eu ter dito eliminar, e não diminuir.

Refere também o Sr. Deputado que chorei algumas lágrimas sentadas. Devo dizer-lhe que não estou habituado a verter lágrimas de crocodilo. Disse apenas aquilo que me vai na alma e que sinto. Aliás, Sr. Deputado, sou de uma região onde, felizmente, tenho contacto com as pessoas, com os problemas típicos do arrendamento rural e creio que interpreto correctamente a vontade de alguns dos cidadãos que são ou não afectados por esta lei.

A Sr.ª Ercília Talhadas (PCP): - Os ricos!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - E de que maneira!

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, vamos fazer o nosso intervalo habitual.

Eram 17 horas e 35 minutos.

O Sr. Presidente: - Está reaberta a sessão. Eram 18 horas e 25 minutos.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (Indep.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Para além das alterações de ordem processual contidas no projecto de lei apresentado pelo Partido Socialista, tanto este projecto de lei como o apresentado pelo Partido Comunista Português se limitam no essencial a abordar problemas relacionados com a duração do contrato com as condições da sua denúncia.