Sala. Só que o fez com tanta infelicidade que, como devia saber, essa exoneração foi levada a cabo e efectuada por uma comissão administrativa que não foi nomeada pelo IV Governo Constitucional e que este demitiu.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por outro lado, a exoneração desse Deputado, por quem eu, pessoalmente, tenho a maior consideração -e não tenho dúvidas em afirmá-lo aqui publicamente-, foi decidida por três elementos de uma comissão administrativa nomeada por um governo anterior, que foi um governo socialista. Mais: dessa comissão administrativa fazia parte um elemento militante do Partido Socialista, eleito pela comissão de trabalhadores da Radiodifusão Portuguesa. Portanto, quando o Sr. Deputado acusa o IV Governo Constitucional de provocar um acto que não é da sua responsabilidade - e foi, aliás, esse o único acto concreto que o Sr. Deputado Veiga de Oliveira apontou-, ...

O Sr. Vital Moreira (PCP): - É falso!

O Orador: -... devo dizer que o Sr. Deputado deu efectivamente a imagem própria e adequada das acusações que V. Ex.ª me dirigiu.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Para além disso, não vi que referisse qualquer facto concreto.

Disse o Sr. Deputado, várias vezes, para eu confessar isto ou aquilo. Nesse sentido, confesso também que essa é uma linguagem que me faz lembrar outros tempos.

Risos do PSD.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Por sua vez, o déficit de tesouraria deste ano aponta para l 187000 contos e o déficit da gestão financeira para l 414000 contos, tudo isto partindo do princípio de que as coisas correm pelo melhor.

Mas, Sr. Deputado, quando a imprensa portuguesa vive numa situação de crise, quando há jornais que encerram, como o caso de A Luta, por carecerem do apoio mínimo que de facto o Estado deve conceder à imprensa, quando tudo isto acontece, gostava de perguntar se será legítimo a uma empresa pública continuar nestes termos a sua gestão e se será admissível e exigível que um governo responsável cruze os braços e deixe as coisas andar à deriva como andavam.

Vozes do PSD e do CDS: -Muito bem!

O Orador: - Faço esta pergunta, não, evidentemente, para ser respondida pela bancada do Partido Comunista Português, mas pelo povo português.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Mistificação!

O Sr. Cunha Simões (CDS): -O PCP defende é o regime russo!

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP):- Sr. Presidente, peço a palavra para um curto protesto.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP):- Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Sr. Ministro Proença de Carvalho não respondeu a nenhuma das minhas perguntas muito concretas, mas permitiu-se tentar mistificar a Câmara quando falou sobre a situação económica difícil da Radiodifusão Portuguesa.

Gostava que o Sr. Ministro me dissesse se vai adoptar o mesmo critério para as Universidades e para os hospitais. Mais: o que é que significa falar em 800 000 contos de déficit? O problema que se coloca é o de se saber se a Radiodifusão Portuguesa, como aqui já foi dito pelo Sr. Vice-Primeiro-Ministro para os Assuntos Económicos, tem ou não a haver l milhão de contos de taxas não cobradas. Quanto custa o serviço público -porque de um serviço público se trata- da Radiodifusão Portuguesa? E aqui o problema que se coloca é o de se saber se esse serviço é bem ou mal gerido, e não o problema do déficit de 800000 contos atirado aos olhos de quem queira ser enganado ou de quem não possa deixar de se não enganar. Isso não nos espanta nada, Sr. Ministro. Em qualquer país do mundo a radiodifusão oficial é deficitária, embora haja radiodifusões que o não sejam, e o Sr. Ministro também sabe porquê. A Radiodifusão, tal como as Universidades, os institutos de investigação, os hospitais e todos os outros serviços públicos, cumpre um serviço público.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Ora eles não são deficitários ou superavitários, mas bem ou mal geridos. E a pergunta concreta que fiz ao Sr. Ministro era a de saber qual era o plano de recuperação e o fundamento concreto que a lei exige, já que o decreto-lei em que o Conselho de Ministros se apoiou exige uma fundamen-