O Orador: - Além de desrespeitar a Assembleia da República, como frequentemente temos visto, o Sr. Deputado, desrespeita também os tribunais.

Risos de alguns Deputados do CDS.

Pois que são precisamente os tribunais que estão a provar o carácter infame de insinuações e de acusações, como as que acabamos de ouvir repetir pelo Sr. Deputado Faria de Almeida.

Aplausos do PCP.

O Sr. Faria de Almeida (CDS): - Sr. Presidente, peço a palavra.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sr. Deputado, suponho que para um contraprotesto.

O Sr. Faria de Almeida (CDS): - Sr. Presidente, não é bem um contraprotesto, mas será assim regimentalmente.

O Sr. Presidente: - Tenha a bondade, Sr. Deputado.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - É um provocador.

O Orador: - Quando disse ao Sr. Deputado que se me perguntasse o nome eu responderia, verifiquei nas suas insinuações -suas, Deputado Carlos Brito e membro do PCP - que não me fez essa pergunta.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Não seja cobarde, diga!

O Orador: - No entanto, a qualquer hora e a qualquer momento, mesmo no corredor, responder-lhe-ei. E se porventura tiver essa coragem, especulando, fazendo demagogia, eu responder-lhe-ei...

O Sr. Carlos Brito (PCP):-Eu pergunto quem é, Sr. Deputado!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Mesquinho, baixo!

O Coador:-Sr. Deputado Carlos Brito, parece-me que fui peremptório quando lhe disse que se me procurasse eu respondia.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Diga quem é.

O Sr. Sousa Marques (PCP): - Não deve saber nada de direito...

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Sr. Deputado, não venha para aqui com conversas dessas!

O Orador: - E devo dizer-lhe, Sr. Deputado, que, na altura, eu não sabia quem era o Sr. Carlos Nabais, mas hoje já sei - é membro do seu partido.

Uma voz do CDS: - Agora já sabe quem é!

Uma voz do PCP: - A Pide também tinha histórias dessas!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Bem, Srs. Deputados, efectivamente fizeram-se aqui afirmações que me parecem completamente deslocadas. Tratava-se, afinal, de um problema ião simples e à volta dele gerou-se uma série de afirmações, de certo modo, graves que me parecem que não se. podem repetir.

É claro que não entendi que o Sr. Deputado Faria de Almeida tivesse a intenção de atribuir ao Partido Comunista Português ou a outro qualquer partido deste hemiciclo a prática de crimes. O que depreendi é que se tratava de um indivíduo que até, por acaso, era desequilibrado, que teria feito uma certa afirmação num corpo de delito que corre seus termos na comarca de Celorico da Beira.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Mas o que penso é que este não é o sistema mais aconselhável, pois há outros momentos, outras intervenções e outros períodos em que estes problemas podem ser tratados. No entanto, tenho que me penitenciar, e faço-o, como é sempre meu hábito, quando o reconheço, que deveria ter procedido mais cedo para evitar que se tivesse gerado esta questão.

Fico também como vítima da minha habitual e conhecida clemência, em certos pontos, mas neste momento peço desculpa à Assembleia de ter permitido que. se tivesse assistido a este espectáculo, que não honra ninguém e que deprime esta instituição.