a Sr.ª Deputada Zita Seabra não foi tão clara nas respostas ao Sr. Ministro dos Assuntos Sociais, que lhe deu amplas oportunidades para rebater os argumentos, o que a Sr.ª Deputada não fez. Em segundo lugar, direi que qualquer pessoa que defende a greve o faz pensar nela como última arma, e isto exactamente pelas consequências que a greve pode trazer para terceiros.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sempre assim foi.

O Sr. Vítor Louro (PCP): - Está a querer ensinar o padre-nosso ao vigário?!

O Orador: - Em terceiro lugar, direi à Sr.ª Deputada que «dois e dois são quatro» em qualquer sítio do Mundo e não há forma de distribuir o que não existe.

Constato ainda que a Sr.ª Deputada não respondeu à minha pergunta e que não dá nenhuma solução para distribuir aquilo que de facto não existe.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): - Os patrões que paguem as dividas à Previdência!

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Dá-me licença, Sr. Presidente?

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr.ª Deputada?

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Para dar um esclarecimento ao Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Em primeiro lugar, quero esclarecer o Sr. Deputado de que ontem não fui eu que estive a responder às perguntas do Sr. Ministro dos Assuntos Sociais, mas o Sr. Ministro que esteve a responder às minhas perguntas. Eu só lamento é que hoje o Sr. Ministro não esteja aqui presente para, no caso de me querer colocar perguntas, eu lhe responder, mas se calhar o Sr. Ministro está «de baixa» e a culpa não ê minha.

Risos e aplausos do PCP.

Em segundo lugar, Sr. Deputado, quando V. Ex.ª diz que «dois e dois são quatro», isso é verdade, mas eu ouvi aqui durante este debate um Deputado da sua bancada perguntar pelas indemnizações aos capitalistas e dizer até que, Coitadinhos, estavam numa situação aflitiva.

Será, então, que nesse caso dois e dois já não são quatro?

Vozes do PCP: - Não!... São cinco.

A Oradora: - Então os senhores reivindicam dinheiro para pagar as indemnizações aos Melos, aos Champallimaud e a esses todos, e depois para as reformas já não há dinheiro?

Aplausos do PCP e de alguns Deputados do PS.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Carlos Brito, poderá dizer-me para que efeito pretende usar da palavra?

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Para interpelar a Mesa, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - A pergunta é muito simples, Sr. Presidente: o Governo hoje não intervém no debate?

O Sr. Presidente: - Vai intervir a seguir.

O Orador: - Bem, é que na conferência dos grupos parlamentares, a que, como se sabe, assiste o Ministro Adjunto do Primeiro-Ministro, encarregado das relações com a Assembleia da República, ficou assente como consenso, e portanto funcionando como praxe da Assembleia, que o Governo interviria na roda com os grupos parlamentares, procurando intercalar as suas intervenções com as dos grupos parlamentares. Acontece que durante toda a manhã o Governo não interveio e agora são 16 horas, já temos uma hora de plenário e verificamos que o Governo continua a primar pela omissão da sua voz, o que naturalmente não pode deixar de prejudicar o debate.

A Sr.ª Hermenegilda Pereira (PCP): - O Governo trabalha em part-time.

O Sr. Presidente: - Na verdade, Srs. Deputados, como há pouco referi, a seguir está inscrito o Sr. Vice-Primeiro-Ministro para os Assuntos Económicos.

Antes, porém, vou conceder a palavra ao Sr. Deputado Carlos Robalo para que formule um protesto.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Naturalmente a deformação da Sr.ª Deputada Zita Seabra é lamentável, e eu diria que nem é própria, mas adopta-se claramente ao comportamento do Grupo Parlamentar do Partido Comunista.

Risos do PCP.

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Ó Sr. Deputado, deixe-se disso!...

O Orador: - Deixe-me acabar, Sr.ª Deputada. Eu tenho tanta consideração por si, ouço-a até sempre com um sorriso nos lábios, e a Sr.ª Deputada reage assim a um protesto que eu faço? Deixe-me acabá-lo e se depois achar que ele está mal proteste no fim.

Eu estou a usar um direito regimental. Nós, nesta Assembleia, ainda estamos com uma capacidade de ter um Regimento democrático, Sr.ª Deputada, e esperamos bem que ela continue.

A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Eu estava a fazer um aparte, Sr. Deputado.