desenvolvimento dos direitos dos trabalhadores, e de entre esses o direito à greve é um direito supremo como qualquer democrata, que verdadeiramente o seja, reconhece.

Aplausos de alguns Deputados do PCP.

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Vocês são contra o povo livre.

O Orador: - Não há circunstâncias nenhumas que justifiquem pôr entre parêntesis esse direito, como os demais. E os Srs. Deputados do CDS parecem ver numa situação difícil como aquela que efectivamente atravessamos uma razão para pôr entre parêntesis, para meter na gaveta, para congelar alguns direitos, algumas das liberdades, designadamente, a considerar as vossas últimas intervenções, o direito á greve.

Vozes do CDS: - É falso!

Uma voz do PCP: - Sim, senhor. Essa é a questão.

O Orador: - Este direito, Sr. Presidente e Srs. Deputados, e é bom que a questão tenha sido levantada, é sem dúvida nenhuma uma das «pedras de toque» para a aferição do pensamento democrático.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados do PCP e do CDS, eu suponho que concordarão comigo ao dizer que estamos a afastar-nos um bocadinho da matéria em discussão.

Vozes do CDS e do PCP: - Um bocadão!

O Sr. Presidente: - Mas em todo o caso ...

O Sr. Cunha Leal (PSD): - Sr. Presidente, dá-me licença?

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Cunha Leal (PSD): - Sr. Presidente, é apenas para chamar a atenção de todos para este problema: há várias formas de fazer greve e talvez aqui dentro desta sala seja eu quem tenha mais autoridade para falar a esse respeito, porque a greve mais violenta e drástica que se fez neste país, sem beber uma gota de água ou comer uma migalha de pão, ao que suponho, fui eu que a fiz.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Houve outros, Sr. Deputado.

Vozes do PCP: - Não apoiado!

O Orador: - Não será esta também uma forma de fazer greve?

Uma voz do CDS: - Não exagere!

Aplausos do CDS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Sr. Presidente, antes de mais pretendo responder ao Sr. Deputado Cunha Leal, dizendo-lhe que, com certeza, não se estava a referir ao meu partido. O meu grupo parlamentar tem tido uma intervenção abundante e preparada neste debate, ao contrário do que acontece com outros grupos parlamentares, que o não têm feito.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - A segunda coisa que queria dizer destina-se ao Sr. Deputado Carlos Brito.

Sr. Deputado Carlos Brito, o meu partido nunca defendeu em sítio nenhum o pôr-se entre parêntesis o direito à greve. Não há qualquer diploma por nós aqui apresentado ou qualquer documento do nosso partido em que isso seja dito ou sequer sugerido. Mas o que lhe posso dizer é que não entre parêntesis mas entre muros está o direito à greve em todos aqueles países onde reina a ideologia que o Sr. Deputado defende. Aí é que de certeza não há direito á greve.

Aplausos do CDS e protestos do PCP.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Veiga de Oliveira.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eu não vou responder às últimas palavras do Sr. Deputado Nuno Abecasis (risos do CDS) porque a resposta tem sido dada tantas vezes que é inútil repeti-la.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Nunca convence!