teatro popular muito importante que recomendamos a alguns dos Srs. Deputados.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Era só o que nos faltava!

O Orador: - Não sei porquê, Sr.ª Deputada! Se realmente temos visto tanta gente defender na praça pública certos aspectos dos produtos que vendem, por que é que eu não hei-de recomendar uma peça de teatro como esta?

Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, se realmente ofendi a susceptibilidade da Sr.ª Deputada Helena Roseta recomendando-lhe a peça 1926, Noves fora Nada, peço-lhe desculpa.

Aplausos do PS e do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Neto.

ávida de liberdade, consequente desde sempre, considerada "perigosíssima" pelo regime desde 18 de Janeiro de 1934.

A partir da "sugestão" que "ordenava" que se calasse quem sonhava com um hospital no concelho, o jornal, não tendo outra solução, calou mesmo o assunto. Mas em cada marinhense continuou uiva a ideia, continuaram a sentir-se angustiadamente as carências.

Volvida uma década, com o florir dos cravos em Abril, voltou a Marinha Grande à luta activa pela resolução dos seus problemas de assistência na doença e diversas comissões estudaram o problema. Também o País procurava, no geral, a cura para os males da saúde. Reformularam-se políticas, os técnicos inventariaram carências e existências, avançaram estudos e propostas. A Marinha Grande, concelho pequeno em área, grande em população - um município com duas freguesias de mais de 30 000 habitantes e grande concentração industrial -, com carências de toda a ordem, inserida num distrito todo ele carente de estruturas capazes, tinha plenamente justificada a construção de um centro de saúde! No distrito de Leiria, a par com Peniche, foi considerado concelho com primeira prioridade.

O I Governo Constitucional, decidido a um esforço patriótico para pôr em prática soluções -definitivas e ir acabando com o esbanjamento do erário público em soluções provisórias de fachada, consegue o indispensável apoio estrangeiro para o financiamento: dos Estados Unidos empréstimo pagável em 25 anos com 5% de juros, da Noruega oferta total de alguns centros de saúde. Do programa constavam doze centros espalhados de norte a sul do País. Os projectos avançam, os estudos são completos, as autarquias colocam terrenos e infra-estruturas à disposição.

Só que (e aqui começa o drama da Marinha Grande, Peniche e mais dez concelhos) as vicissitudes da nossa jovem democracia, a irresponsabilidade de muitos, a luta cega e divorciada do interesse nacional, pelo poder político, levam ao afastamento do Partido Socialista do Governo. Passados poucos meses desse facto, surge a notícia, brutal, inesperada, incompreensível: é suspensa a construção de todos os centros de saúde projectados e a serem construídos com os financiamentos estrangeiros!

O IV Governo Constitucional determina que não haverá centros de saúde como haviam sido planeados! Deve voltar-se as situações provisórias, devem comprar-se casas, aproveitar-se o que há. Na Marinha Grande, para um posto dos Serviços Médico-Sociais que no ano passado deu mais de 120 000 consultas, a solução é ocupar as salas de espera do edifício existente, fazer lá dois ou três gabinetes e fica instalado o centro de saúde. Na Marinha Grande não há casas para alugar, há carência de habitação como em todo o País. Mas se houvesse? De quantas assoalhadas seria o centro de saúde da Marinha Grande? O caso é dramático, mas a filosofia da actual equipa dirigente roça o ridículo e proporciona o humor, ainda que negro. Determina-se: o ideal será que haja entre quatro a seis consultórios, que haja cinco casas de banho!

Apesar de tudo o que tem sido dito em contrário, sabemos que, em Janeiro, do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério dos Assuntos Sociais saíram indicações precisas exprimindo "a opinião de S. Ex.ª o Secretário de Estado", dizendo que os custos dos centros de saúde não deviam exceder os 5000 contos em construção de raiz mas, de preferência, não deviam ultrapassar os 3000 contos.