um estimulante, um motor de arranque de uma zona em que, quer queiramos, quer não, as dificuldades que pesam sobre a economia portuguesa são relevantes.

Assim, disse o Sr. Deputado Luís Filipe Madeira que havia dois processos para rendibilizar a zona de Tróia. O primeiro seria a construção de uma ponte e o segundo a declaração de utilidade turística prévia. Salvo o devido respeito, estes argumentos são irrelevantes e inúteis.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Fazer uma ponte sobre o Sado ligando Setúbal a Tróia é permitir um maior afluxo de pessoas, mas não é permitir um maior número de infra-estruturas na zona. Pelo contrário, a criação de uma ponte nestas circunstâncias seria aumentar, sim, o estrangulamento à capacidade de resposta da indústria hoteleira a um afluxo superior e adicional de cidadãos. Mais: reportar-se isso a um eventual mercado da Estremadura espanhola é pura e simplesmente antipatriótico, já que é no fundo captar turistas estrangeiros sem sequer lhes darmos os meios hoteleiros suficientes para os podermos albergar. É, ao fim e ao cabo, um enxovalho ao próprio turismo nacional.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Risos do PS.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Muito bem!

Quando se sabe que a poupança externa representa cerca de um terço, ou talvez metade, da poupança nacional e, portanto, da capacidade de investimento, é pura falácia estar a argumentar com a construção de pontes e com a declaração de utilidade turística prévia. Isso é escamotear a questão.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Em quarto lugar, concordávamos com a concessão da ratificação, pelo seguinte: nós sabemos que a localização dos casinos em Portugal está feita, na maior parte dos casos, em zonas que não são de turismo externo, mas sim de turismo interno. Por exemplo, a Póvoa de Varzim, Espinho e Figueira da Foz não são zonas eminentemente de turismo externo, pelo contrário. Ora, a situação de Tróia é completamente distinta. O plano de infra-estruturas que estava concebido permitia a ligação internacional, o acoplamento de operadores-exploradores de turismo, de forma a rendibilizar o projecto, coisa que na maior parte dos outros casinos não existe.

Nesse sentido, achávamos útil e indispensável, por essa razão, o estabelecimento da zona de jogo. E não se argumente que há problemas de trabalhadores em questão, porque, pelo contrário, seria a criação de um parque hoteleiro e de nonas de turismo paralelas que permitiria a resolução de .problemas concretos de emprego em Portugal, a não ser que se deseje para o nosso país uma situação de permanente subemprego ou desemprego, a não ser que se recuse em Portugal o estatuto do investimento estrangeiro.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sobre o mal que se diz advir do empreendimento para os Portugueses, devo dizer que as denúncias que o Sr. Deputado Luís Filipe Madeira aqui fez hoje como Deputado deveria, tê-las feito como Secretário de Estado do Turismo, e não as fez.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PSD e do CDS: -Muito bem!

O Orador: - Os termos da intervenção do Sr. Deputado Luís Filipe Madeira são de molde a permitir a ilação lógica de que a posição do Partido Socialista, e naturalmente a do Partido Comunista, é, ao fim e ao cabo, uma política contra todo o jogo, e não só contra a criação da zona de jogo de Tróia. Ora, a questão que é passível de ser por nós colocada hoje é esta: o que vai acontecer às concessões de jogo que neste momento existem se por acaso o Partido Socialista for novamente um dia governo em Portugal? Vai nessa altura continuar a denunciar o jogo como um mal necessário ou, pelo contrário, vai considerá-lo, em termos absolutos, como um próprio mal? Qual a ilação política que se tira disso?

O voto desta Assembleia hoje é, pois, uma atitude antipolítica, pois não permite minorar o problema