Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: O CDS opõe-se a todas as medidas de imoralidade e hipocrisia políticas. Opõe-se a este diploma porque embora mascarada de pomba da paz, traz água no bico em vez do tradicional ramo de oliveira.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Não apoiado!

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Entendemos que os militares que pretenderam evitar a ditadura não podem ser equiparados aos que tramaram a destruição da liberdade.

Aplausos do CDS.

Entendemos que não podemos ferir a honra dos primeiros, negando-lhes o julgamento que esperam do estado de direito, e não podemos pactuar com a cobardia dos segundos, que preferem esconder os seus actos vergonhosos sob a capa da amnistia.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Entendemos que a democracia deve ser preservada a todo o custo e que amnistias como esta não dignificam a democracia.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Fomentam, pela forçada impunidade, mais golpes e mais aventuras e Portugal está farto de golpes e de aventuras.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Mas há mais: Os Portugueses não toleram, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que se tratem de igual modo os patriotas e os traidores.

Os portugueses não toleram que as suas forças armadas, em cuja honra, bravura e dignidade se revêem, uns e outros possam conviver.

E, a razão é muito clara: é que os patriotas não esquecem o seu patriotismo e os outros o golpismo atávico que os celebrizou e os fins sectários que serviram.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - A paz e a concórdia, Sr. Presidente e Srs. Deputados, não regressarão por esta via às forças armadas. E os Portugueses desejam que as suas forças armadas sejam unidas, coesas, disciplinadas e fortes, e não mais possam ser utilizadas como instrumento das forças marxistas-leninistas com objectivos antinacionais.

Vozes do CDS: - Muito bem!

Uma voz do PCP: - Olha quem fala!...

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A nossa ideologia democrata-cristã convida-nos a perdoar. Mas perdoar não é absolver, e não estamos dispostos a absolver quem quer que seja de factos que não conhecemos inteiramente.

Não estamos dispostos a perdoar a culpados e inocentes porque a estes últimos nada há a perdoar.

E sobretudo não estamos dispostos a que, desta maneira simplista, se impeça a descoberta sobre a verdade do 11 de Março e do 25 de Novembro.

Queremos, enfim, Sr. Presidente e Srs. Deputados, frisar a nossa total discordância com esta amnistia que, a vingar, acabará por impedir que se esclareça a intervenção no 11 de Março e no 25 de Novembro daquele que nos acontecimentos teve o papel preponderante - o Partido Comunista.

Vozes do CDS: - Muito bem!

São os actos antidemocráticos deste Partido...

O Sr. Severiano Falcão (PCP): - Caluniador!

O Orador: - ...e a sua tentativa de manipulação das forças armadas que se pretende, ao fim e ao cabo, amnistiar.

O Sr. Severiano Falcão (PCP): - Caluniador!

O Orador: - Os portugueses que o recordam, que não esquecem a sua participação naqueles acontecimentos, não querem de forma alguma esta amnistia.

O Sr. Severiano Falcão (PCP): - Caluniador!

O Orador: - Bastará esta razão só por si para justificar o voto do CDS contrário ao presente diploma.

Aplausos do CDS.

Vozes do PCP: - Caluniador!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Salgado Zenha.

O Sr. Salgado Zenha (PS): - O Sr. Deputado Rui Pena fez várias alusões à minha intervenção e fez um depoimento que não sei se era ao mesmo tempo uma pergunta.