O Orador: - A liberdade e a justiça são duas faces de um mesmo projecto de dignificação do homem.
Como recentemente recordava em Puebla o Papa João Paulo II, «aqueles sobre quem recai a responsabilidade da vida pública deverão compreender que a paz interna e a paz internacional só estarão asseguradas se tiver vigência um sistema social e económico baseado na justiça».
Vozes do CDS: - Muito bem!
O Orador: - Raras são as gerações que tem o privilégio de traçar os destinos de uma pátria. À nossa geração, como já sucedera à de Quinhentos, é-nos exigido que tracemos o destino de Portugal europeu dos séculos vindouros
Vozes do CDS: - Muito bem!
O Orador: - Apesar de todas as hesitações, apesar de todos os erros, perplexidades e desencontros que encheram estes cinco anos, o CDS afirma hoje, aqui e com esta solenidade, a certeza de que em breve findará a penumbra em que temos vivido e atingiremos o sol pleno de um ideal 25 de Abril para o povo português, finalmente reencontrado com o seu destino e determinado a reconstruir, com o seu próprio esforço, o desenvolvimento nacional, que, também aqui, é o novo nome da paz, da democracia, da liberdade e da justiça.
Aplausos do CDS.
O Sr. Presidente: - Tem a palavra o representante do Partido Social-Democrata
Vozes de Deputados independentes ex-PSD: - Não apoiado!
O Orador: - Estes factos excepcionais, quando não testados por evidente capacidade política ou por seriedade de processos, exigem soluções de igual excepção ou de mudança.
A excepção política resulta, como é evidente, de uma anormalidade no funcionamento das instituições. E é sempre esta degenerescência do tecido político que urge estar atento para intervir no momento em que a regeneração ainda é possível. A escolha desse tempo de intervenção constitui, pois, tarefa delicada, em jovens democracias como a nossa. A delicadeza e a gravidade da opção interventora e democrática não devem contribuir, através de demora excessiva, para a tentativa de compatibilizar o que é irreconciliável. De igual modo, devora evitar-se a contemporização ou convivência com a degenerescência. Estas atitudes só podem interessar a quem deseje o desgaste progressivo das instituições democráticas, a quem, com receios, por vezes acomodatícias, não suporte a verdadeira confrontação democrática , ou seja, a consulta popular.
Os sociais-democratas, aqui exclusiva e legitimamente representados pelo Grupo Parlamentar do PSD, não perfilham a tibieza como processo político nem temem dizer a verdade em momentos difíceis como o actual. Sempre desejaram clareza nos processos, limpidez nas atitudes, sinceridade e frontalidade nas palavras. Repudiam fáceis conformismos, situacionismos ou demagogias.
Vozes do PSD: - Muito bem!
O Orador: - Há um ano, V. Ex.ª Sr. Presidente da República...
Vozes do PS: -Ah! Ah!
O Orador: - .. nesta Assembleia, teve oportunidade de afirmar que o momento não autorizava que acto idêntico decorresse sem a sombra de perigos que ameaçavam a obra incompleta da Revolução. Se o Presidente da República, em 1978, falou com esta frontalidade, para que a fé dos portugueses pudesse ser recuperada, ninguém estranhará que, na actual conjuntura, utilize o mesmo processo linear Seja qual for a análise crítica do Presidente da República, por mais errada ou frustrante que nos possa parecer, ninguém duvidará. ao que suponho, da sua intenção democrática. Esta certeza confere-me, assim, uma total tranquilidade para lhe transmitir e a todos os portugueses» as nossas preocupações. Será do exame destas que poderá nascer a nova esperança.
Como V. Ex.ª disse, também há um ano, o acto do 25 de Abril foi legítimo e autêntico pela intenção democrática que lhe estava subjacente e o seu programa claramente estabelecia e impunha. Só por isso a esmagadora maioria dos portugueses esteve com a revolução libertadora. Mas o povo não precisava que tivessem persistido em libertá-lo com a força e, portanto, sem a razão democrática
Vozes do PSD: - Muito bem!