-nos. E nós, os socialistas, pelo menos nós, estamos a lavrar um compromisso que contraímos com ele mandando e contribuindo para que se inserisse na Constituição da República este perceito que não pode ter duas interpretações porque é suficientemente claro, evidente e concreto.

Vozes do PS: - Muito bem!

ssão nenhuma além da de médico em que seja mais exigível o sacerdócio, pois é um trabalho sem horas, incessante, pesado, cheio de cuidados, sobressaltos e mesmo angústias.

A terminar, quero dizer-vos que saio desta tribuna com a convicção de que o Parlamento português vai cumprir rigorosamente a letra e o espírito do artigo 64.º da Constituição. Parece-me, Srs. Deputados, que já começa a ser altura de cumprimos a Constituição. Por mais distorções que se lhe pretendam fazer - e algumas delas bem lamentáveis e tristes, com culpas não só para alguns lados, mas talvez para todos os lados - , ao menos neste ponto, que é, usando a minha expressão habitual, um ponto verdadeiramente saudável, que a Câmara se louve a si própria aprovando, como espero, o projecto de lei do Serviço Nacional de Saúde do Partido Socialista.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado António Arnaut.

O Sr. António Arnaut (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: É apenas para uma curtíssima explicação à Câmara e ao Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes, meu velho e querido amigo e camarada.

O Sr. Carlos Rebelo (CDS): - Mas para quê?

O Orador: - A minha ausência momentânea enquanto o Sr. Deputado usava da palavra foi apenas ditada por razões imperiosas. Espero que V.Ex.ª aceite esta explicação, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Robalo (CDS): - Isso dava-se pessoalmente ...

O Sr. Vasco da Gama Fernandes (Indep.): - Suponho que não foi tratar da saúde.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Cunha Simões.

O Sr. Cunha Simões (CDS): - Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes: Gostei imenso de o ouvir e espero que tal como defendeu o Serviço Nacional de Saúde, também defenda um Serviço Nacional de Justiça para este País ...

Aplausos do Sr. Deputado António Arnaut.

Porque na verdade, tal como há "tubarões" na Medicina, também os há entre os advogados, entre os juristas.

A pergunta que gostaria de lhe fazer é se, na verdade, o Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes pensa que o mesmo sistema que vigora na Suécia se pode aplicar em Portugal e se acredita que os médicos portugueses poderão chegar, em vinte minutos, aos seus doentes, a menos que acredite nessa tal reestruturação da sociedade portuguesa, em que as pessoas se modificam também. É que,' realmente, os portugueses parecem ser doentes imaginários que chamam o médico por tudo e por nada...

Assim se viu pelo seu exemplo, em que, embora o Sr. Deputado estivesse tanto tempo à espera do médico, o clínico que lhe apareceu não sabia diagnosticar a sua doença e o Sr. Deputado está aqui, felizmente, rijo e são, na nossa companhia.

Por isso, gostaria de saber se, na verdade, o Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes julga que, na altura em que os portugueses acreditassem que tinham sempre um médico pronto a recebê-los, os médicos não andariam a correr de um lado para o outro, como se fossem estafetas?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes.

O Sr. Vasco da Gama Fernandes (Indep.): - Sr. Deputado Cunha Simões e meu particular amigo: ao contrário de muita gente nesta Câmara, tenho uma grande simpatia por si ... porque, realmente, gosto dos indivíduos do seu tipo, que não enganam ninguém. Do que tenho sempre receio é dos doentes, daqueles que não têm saúde mental suficiente para colocar os problemas frontalmente, tal como o Sr. Deputado costuma fazer.

Contudo, quer dizer, para sua desconsolação, que em 99% não estou de acordo consigo. E repare que o Sr. Deputado parece que tem muitos advogados na vesícula! ...

É que, na verdade, vem com uma história que não vem nada a propósito, essa dos "tubarões" da advocacia. Pois claro que há "tubarões" à advocacia, como há "tubarões" em muitas coisas sem ser na advocacia. Também os há nas batatas, como estão aqui a dizer.