Mas posso garantir-lhe uma coisa a si, Sr. Deputado, que é meu amigo e creio que ainda não desistiu de o ser: é que eu conheço muito bem a minha profissão e posso dizer-lhe que, se há profissões enganadoras, uma delas é a minha.

Vivi intensamente a profissão durante cerca de quarenta anos, ganhei a minha vida bastante bem - estejam descansados, Srs. Deputados, que não faço intenção de vos pedir dinheiro emprestado ...

... senti as amarguras e as dificuldades dos meus colegas. Na Direcção Superior da Ordem dos Advogados passaram-me pelas mãos dezenas e dezenas de processos de assistência, um dos quais relativo a um advogado da periferia enganadora, pois parecia que era um homem que ganhava muito dinheiro e deixou a família completamente reduzida à miséria.

Ah, mas com certeza que o Sr. Deputado Cunha Simões tem razão: há para aí muitos «tubarões» e agora parece que estão a aparecer cada vez mais ...

Mas deixemos a advocacia. E repare o Sr. Deputado que a advocacia é o fruto, de certo modo, de uma estrutura social. Nos países em que os problemas da vida quotidiana possam estar resolvidos com simplicidade e singeleza e haja o respeito educacional e pedagógico pela lei, o que só é possível com a evolução cultural dos povos, a advocacia tem um papel insignificante ou, pelo menos, adjuvante, se quiser.

Agora, o caso da Suécia: o Sr. Deputado agora quer que eu traga para cá os suecos?! Suponho que gostaria muito mais se fossem as suecas.

esqueça o Sr. Deputado que, por exemplo, na Finlândia, em l897, não se podia casar quem fosse analfabeto. Veja o que tem depois tudo isto de criação! ...

Entretanto, está aqui um Sr. Deputado que teve agora um desabafo, que não sei se foi para dentro se foi para fora, dizendo qualquer coisa que não percebi ...

imediato, Sr. Deputado. Sou o primeiro a reconhecer as dificuldades da nossa vida financeira, económica e estrutural, para se enxertar dentro disso esta projecção ambiciosa de um serviço de saúde, embora extremamente caro. Pois com certeza que o será, mas se não começarmos nunca mais chegamos ao fim.

Por isso, digo aos meus camaradas socialistas que, em boa hora, tiveram um bom momento de inspiração e que este camarada, que já não é do seu partido e que tem esta voz mais tonitroante talvez por ser independente -, os felicita por esta boa imaginação.

Torno a repetir, aliás, que não só eu, mas também o povo português, na sua presciência, que é notável, a despeito do seu analfabetismo e da sua incultura, há-de sentir que nesta Câmara, hoje, ou amanhã, nasceu qualquer coisa de novo que só fará bem a esta mesma Câmara e ao País que nós somos!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Candal.

O Sr. Carlos Candal (PS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Era para dar uma explicação e, de algum modo fazer um protesto.

O Sr. Deputado Cunha Simões, talvez por ter apanhado um certo ritmo de trocadilho que não se compadece muito com a discussão de uma temática tão impor-