meça a aparecer uma certa liberalização, uma certa condescendência em relação à medicina privada.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Vá perguntar ao embaixador soviético!

O Orador: - Perguntei aos seus dignos representantes nesta Câmara!

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Nós não somos procuradores . . .

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - De quem?

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Imaginam-nos à vossa imagem e semelhança?

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado José Jara, para responder.

O Sr. José Jara (PCP): - Sr. Deputado Moreira da Silva, respondo à sua pergunta com muito gosto.

Esperava da parte do Sr. Deputado, não como colega de bancada, que evidentemente não é, mas como médico que também é, uma pergunta mais técnica, mais construtiva . . .

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Mais inteligente!

O Orador: - ... mas, provavelmente porquê não teve tempo, não conseguiu elaborá-la . . .

Entretanto, respondo-lhe que é absurdo, nem tem nenhuma lógica que se faça um Serviço Nacional de Saúde sobre a medicina privada, que é liberal por natureza, não tendo de ser regulamentada num Serviço Nacional de Saúde.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Que demagogia!

O Sr. Moreira da Silva (PSD): - Continua a não perceber!

O Orador: - E o que mais me espanta é que os liberais PSD's estejam tão preocupados em regulamentarem aquilo que por natureza é liberal. Não faz senso ... Bem, faz senso: é que querem que seja o Estado a pagar a medicina liberal.

Aplausos do PCP.

Quanto à questão de sermos contra ou a favor da medicina privada, c meu camarada de bancada engenheiro Veiga de Oliveira já esclareceu devidamente o assunto: nós não somos contra a medicina privada, mas somos a favor do Serviço Nacional de Saúde, enquanto o PSD e o CDS são a favor da medicina privada e contra o Serviço Nacional de Saúde.

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Helena Roseta (PSD): - Que maniqueísmo primário!

O Orador: - Só mais uma questão para esclarecer o Sr. Deputado que me permitiu, de facto, completar a minha intervenção: realmente, o pseudoprojecto do PSD não mereceria grandes referências. Penso que se trata de um projecto que poderia ser feito em cima do joelho em pouco mais de meia hora, não sei se terá sido o caso, mas ponho essa hipótese . . .

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - A sua capacidade é fantástica!

O Sr. Simões de Aguiar (PSD): - Mas olhe que se tem dedicado muito a ele!

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Moreira da Silva (PSD): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Para que efeito, Sr. Deputado?

O Sr. Moreira da Silva (PSD): - É para prestar um esclarecimento à Câmara, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Faça favor.

O Sr. Moreira da Silva (PSD): - Dada a confusão do Sr. Deputado José Jara a respeito do nosso projecto, ...

Risos do PCP.

. . . queria explicar que nós não defendemos a medicina privada.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Ai não?

O Orador: - Nós temos a noção exacta do peso que o sector privado tem entre nós, temos a noção exacta da existência de um sector estatal e defendemos uma articulação harmónica entre estes dois sectores, de modo que todas as camadas sócio-económicas possam livremente escolher o tipo de saúde que mais lhes convenha.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Guerreiro Norte (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Parece-nos que só assim ê que poderemos ter um Serviço Nacional de Saúde perfeitamente in-