conseguirmos que os museus sejam museus vivos, onde os estudantes bebam as ralzes do seu futuro poder criador e que sejam também eles virados para o futuro, onde os Portugueses revejam a sua criatividade passada, mas onde também possam encontrar locais de cultura e de estimulo para a produção do futuro, e também locais de convívio.

Queria fazer uma comparação com o que se passa na Europa democrática, na qual nos queremos integrar. Vejam, por exemplo, o que se passa na França e noutros países onde existem reuniões de museus nacionais, onde há uma coordenação, onde se fazem exposições monográficas e outras, às vezes até só sobre um único'artista, onde há possibilidade de fazer trocas com idênticos organismos coordenadores de outros países, onde as exposições são concorridíssimas, onde até há restaurantes e locais de convivio, onde há actividades paralelas, onde se fazem concertos musicais, debates, «foros», mesas-redondas, enfim, onde há uma actividade -criativa e partici pativa. E é isto que realmente nós queremos: queremos museus vivos, que não sejam casas fechadas e poeirentas, e que, para já, se abram os que estão fechados, se criem os que têm de ser criados e não continuemos a viver de planos demagógicos repetidos em todos os programas de Governo, e a ver que a cultura passa para o fim ...

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Mesmo em períodos de austeridade, a defesa do património nacional tem de ser prioritária, tanto a defesa do patrirriónio ecológico e ambiental como a do património monumental, seja em monumentos isolados, seja nos maravilhosos museus vivos que são os conjuntos artísticos de Monsanto, Linda-a-Velha, óbidos, Castelo Rorigo, Almeida, Valença, Bragança e tantos outros, mesmo alguns bairros de Lisboa.

Sr Presidente e Srs. Deputados: Um povo que porventura não pusesse em primeiro lugar, mesmo num período de austeridade, a sua cultura estaria irremediavelmente condenado a entrar em decadência. lsso não sucederá ao povo português. Porquê? Porque estamos num regime democrático e porque, certamente, os representantes do povo e o próprio povo - e hoje tivemos disso uma prova, e creio que os órgãos de comunicação social não deixarão de o divulgar lá fora - tomarão consciência desta realidade que vem de longuíssimo e duro passado a que, efectivamente, porão cobr-õ, sa- bendo que ao promover a sua cultura estão a defender o seu futuro.

Aplausos do PSD, do PS e do CDS.

O Sr. Alherto Andrade (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra para prestar um esclarecimento à Câmara e para dar uma sugestão ao Sr. Deputado Pedro Roseta.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

existe um património que tem relativamente à arte moderna portuguesa uma importância extraordinária. E a sugestão que lhe queria dar era a de que, quando um dia o Sr. Deputado tivesse oportunidade de se deslocar ao Porto e arredores, não deixasse de visitar a colecção de arte moderna portuguesa nas Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia.

O Sr. Presidente: - Tem agora a palavra o Sr. Deputado António Loja.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Sr. Presidente, se me permite, antes de dar a palavra ao Sr. Deputado António Loja, gostaria que ma concedesse primeiro, a fim de responder ao Sr. Deputado Alberto Andrade.

O Sr. Presidente: - Com certeza, Sr. Deputado. Por vezes os Srs. Deputados atrasam-se um pouco a pedir a palavra e eu concedo-a a outro Sr. Deputado, mas faça favor.

O Sr. Pedro Roseta (PSD): - Sr. Presidente, evidentemente que se o Sr. Deputado Alberto Andrade se dirigiu a mim, eu não queria de forma alguma, até porque isso não é nem nunca foi meu hábito nesta Câmara, deixá-lo sem resposta.

Entrando no ponto central da questão, quero dar o meu acordo àquilo que acaba de dizer. Essa abertura do Museu de Arte Conteínporânca toca as raias do ridículo, pois mesmo que abrisse por mais do que um dia, na ignorância geral, está em condições lamentáveis. Há até depósitos de combustível, creio que da Polícia, a meia dúzia de metros. Claro que não sou agoirento, mas temos o caso do que aconteceu com o incêndio da Faculdade de Ciências de Lisboa, durante o qual vimos ser reduzido a pó um dos mais importantes museus portugueses, originando uma perda íncalculável, definitiva e irre-