putado independente ainda que não social-democrata. Mas, Sr. Presidente e Srs. Deputados, creio que poderiamos, se o Dr. Vasco da Gama Fernandes mo permite, aditar alguma coisa ao que ele sugeriu a esta Câmara.

É que creio, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que a melhor homenagem, que a homenagem que teria sido mais querida a Maria Archer, ao seu passado, à sua prática de combate, à sua resistência, era que nós aqui e hoje a não destacássemos como mulher de cultura, a não considerássemos como caso individual nos nossos corações, mas que nos lembrássemos, por causa dela e por ela, da situação de todos os velhos neste pais.

Vozes dos Deputados independentes sociais-democratas: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Creio que seria isso que uma mulher resistente, que uma mulher com um passado de combate, como foi Maria Archer, quereria: que fôssemos capazes aqui e agora de nos lembrarmos do mandamento antigo que consistia em «honrar os velhos» e em nos lembrarmos que também isso è pedra de toque de uma democracia, que também isso é pedra de toque da justiça que formos capazes de construir.

Vozes dos Deputados independentes sociais-democratas: - Muito bem!

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Tem agora a palavra o Sr. Deputado Olívio França.

O Sr. Olívio França (Indep.) - Sr. Presidente e meus camaradas nesta Assembleia: Não podia deixar de acrescentar a minha voz e, portanto, algumas palavras às que foram proferidas pelos Srs. Deputados Vasco da Gama Fernandes e Armando Bacelar quanto aos mortos e aos vivos inutilizados que vão enchendo as nossas recordações de democratas. E acontece que há exactamente, como vão ver, tanto nessa mulher espiritual, que com certeza neste momento já nem se reconhece, como no Dr. Alberto Saavreda, que desceu ao coval no Porto, qualquer coisa que os une.

Efectivamente, Alberto Saavedra, com a esplêndida e extraordinária competência que sempre mostrou no desempenho de todos os serviços que lhe eram próprios, tem ainda um que diz respeito à campanha para a Presidência da República do almirante Quintão de Meireles. E o que tem graça é que foi exactamente ele quem no Porto esteve à frente da Comissão dos Serviços de Propaganda de Quintão Meireles, enquanto que aqui em Lisboa era Henrique Galvão. E foi exactamente Maria Archer quem escreveu um livro onde se descreve o julgamento de Henrique Galvão, um dos homens mais torturados pela perseguição de Salazar - esse homem emudecido e aparentemente tranquilo, mas cuja alma tinha na verdade um arcaboiço de maldade onde podia conter o ódio que lançava para todos os lados onde se encontrassem amigos da liberdade e da democracia!

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Muito bem!

palavras proferidas pelo Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes quero acrescentar que é preciso fazer alguma coisa por esses velhos combatentes, é preciso não os deixarmos isolados na sua miséria. E sem darmos a isto um ar de esmola - que seria uma coisa horrorosa - quero que o nosso pensamento se eleve aos cumes da mais perfeita solidariedade para estendermos a mão aos vivos e a nossa boca com palavras para aqueles que nos abandonaram.

Acrescentando, portanto, às palavras dos Srs. Deputados Armando Bacelar e Vasco da Gama Fernandes aquilo que acabo de proferir, julgo que cumpri um dever, embora humilde e modesto.

Aplausos do PS, do PSD e dos Deputados independentes sociais-democratas.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Abecasis.

O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ao trazer a esta Assembleia o caso dramático de uma pessoa que, de algum modo, tem o seu nome ligado à história de Portugal nos seus tempos mais recentes, o Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes trouxe conjuntamente o problema da justiça e do infortúnio de todos aqueles que, atingindo a terceira idade, sentem, mais do que ninguém, que de facto não vivemos numa sociedade justa.

Sociedade injusta é aquela que não sabe premiar os que distribuíram a beleza e que criaram a arte no seu meio ou aqueles que, por meio do seu esforço, promoveram a ciência e o bem da humanidade, por exemplo, no caso da medicina, como aqui também foi lembrado.

Mas gostaria de chamar a atenção desta Câmara para alguma coisa que particularmente me feriu: foi o escândalo que todos nós sentimos quando se disse que Maria Archer estava no Asilo de Marvila. De facto, isto é a fotografia que fazemos das instituições onde abrigamos os