O Orador: - É verdade, o Sr. Deputado não estava lá!
De resto, se é certo que as experiências de co-gestão podem ser criticáveis, outro tanto se dirá das experiências de autogestão. E nem vale a pena falar da falta de experiências das empresas em regime de ditadura do proletariado!
A Sr.ª Alda Nogueira (PCP): - Que tristeza!
Jugoslávia, chegaram a pedir a colaboração de empresas estrangeiras especializadas nas técnicas de relações humanas para conseguir melhorias nas relações de trabalho nas empresas,
Parece, pois, que não se pode confiar na determinância das modificações estruturais ou institucionais da propriedade dos meios de produção para se obter uma séria mudança qualitativa e substantiva nas relações de trabalho na empresa. A repressão política e policial das divergências e oposições dos países «socialistas», a todos os níveis, está também presente no campo das relações de trabalho na empresa. Os estímulos ideológicos faliram historicamente porque continuaram ao serviço de interesses apenas de alguns - interesses materiais, políticos, ideológicos, imperalistas, etc. A tão atraente tese dos conselhos dos começos da experiência comunista foi posta de lado. A própria autogestão da experiência Jugoslava e a autogestão em geral são consideradas com suspeição pela ortodoxia do m arxismo-leninismo da linha moscovita.
A verdade é que, por outro lado, não pode negar-se que as relações de trabalho nos países do Ocidente mais avançados económica e socialmente, como os nórdicos, por exemplo, têm vindo a sofrer modificações que não podem deixar de se considerar positivas, numa linha de progresso apontada para a realização de valores da igualdade, da justiça e da solidariedade.
Vozes do CDS: - Muito bem!
Vozes dos Deputados independentes e sociais-democratas e do CDS: - Muito bem!
O Orador: - Temos de reconhecer que a maior parte dos países mais adiantados do que nós económica e socialmente vão dando passos na linha de uma certa co-gestão empresarial, Sempre se cita a Alemanha Ocidental, mas é preciso acrescentar a Suécia, a Holanda, a Dinamarca, a Inglaterra, a Áustria, a Noruega, o Luxemburgo e agora parece que até a Irlanda, a Suíça e o Japão.
Por outro lado, a chamada problemática da reforma da empresa, em França, em Inglaterra, na Itália e ao nível da Comunidade Europeia, tem vindo a ser intensamente discutida, com vista a empreender soluções inovadoras que permitam avanços sociais sem provocar colapsos económicos.
E nós? Nós temos frequentemente ficado ao nível da polémica ideológica e da luta partidária do poder político eleitoral.
Vozes dos Deputados independentes sociais-democratas: - Muito bem!
O Orador: - Portugal realizou por via revolucionária vanguardista, e não por via do funcionamento da democracia política, uma substancial nacionalização do sector industrial do País. Perante esta enorme transformação, o desafio que se nos põe é o seguinte: ver se se concretiza aquilo a que se pode chamar a socialização das empresas nacionalizadas. Havemos de reconhecer que nada digno de nota se fez neste domínio e que nem sequer se conhecem propostas sérias que possam alimentar alguma esperança.
Aparentemente, isto não preocupa muito aqueles que mais ostensivamente aparecem a gritar pela defesa das nacionalizações. Defendê-las, a meu ver, é transformá-las em exemplo histórico de uma boa solução para os interesses dos trabalhadores e para os interesses do País; não é, pura e simplesmente, continuar apenas a reproduzir os clássicos chavões anticapitalistas, que, através do efeito da náusea, acabam por recuperar a própria imagem do capitalismo selvagem.
Vozes dos Deputados independentes sociais-democratas, do PSD e do CDS: - Muito bem!
O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: As comissões de trabalhadores são um importantíssimo instrumento, com enormes potencialidades para a conformação substantiva do sistema empresarial e do sistema social global. Mas exactamente por isso é que o seu desvio ou falhanço histórico pode ser de gravíssimas consequências.
O Sr. Nuno Abecasis (CDS): - Muito bem!
O Orador: - 0 desvio ou falhanço histórico das comissões de trabalhadores é receável, a meu ver, no con-