Oliveira (PCP): - Eu sei qual é a proposta do Partido Socialista sobre a alínea c) mas não sei qual é a outra nova que foi formulada. Gostaria de ser esclarecido.

O Sr. Presidente: - É a proposta n.º 4-A. Informam os Srs. Secretários que a proposta foi distribuída.

Vai proceder-se à votação da proposta do PS, quanto à alínea c) do artigo 8.º, acabada de ler pelo Sr. Secretário.

Submetida à votação, foi aprovado com votos a favor

do PS, do PSD e do CDS, votos contra do PCP, da

UDP e dos Deputados independentes A ires Rodrigues e

Carmelinda Pereira e a abstenção dos Deputados independentes sociais-democratas.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado

Veiga de Oliveira para uma declaração de voto.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Sr. Presidente e

Srs. Deputados: Sem prejuízo da declaração de voto que

será feita no fim, em nome do meu grupo parlamentar,

eu não quero deixar passar em claro que a aprovação

desta proposta significa de facto a violação da tão repetida, decantada e proclamada Lei das Finanças Locais,

significa o seu não cumprimento e não digo já uma pequena violação desse cumprimento, mas uma grande violação desse cumprimento. Isso foi consagrado graças aos votos de quem afinal não demonstra ter grande

amor pela descentralização e pela efectiva autonomia

administrativa dos municípios, nem demonstra ter grande interesse pela resolução dos problemas que afligem as

populações e mais, para fazer o que fez, argumenta com

a incapacidade, não demonstrada, dos municípios gastarem verba, que eram possíveis e devidas pela Lei das Finanças Locais, por um lado, e, por outro, pelo supos-

to deficit incomportável que se criaria no Orçamento Geral do Estado, o que também não foi demonstrado.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Pereira.

O Sr. Eduardo Pereira (PS): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, não posso deixar de responder a afirmações feitas pelo Sr. Deputado Veiga de Oliveira.

Não é verdade que o Partido Socialista vota esta proposta por falta de amor às populações. Não lhes tem o Partido Comunista mais amor que os outros partidos aqui presentes!

Vozes do PSD e do CDS: - Muito bem!

O Orador: - 0 PS procede assim porque, na realidade, procura encontrar um equilíbrio entre um valor compatível com os investimentos a fazer nos municípios e com o equilíbrio do Orçamento Geral do Estado que a todos prejudicaria se se seguisse a proposta demagógica do Partido Comunista Português.

Aplausos do PS e do PSD.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - É falso!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Bento Gonçalves.

O Sr. Bento Gonçalves (PSD): - 0 Partido Social-Democrata não pode também aceitar e protesta contra as palavras do engenheiro Veiga de Oliveira porque, como disse há bocado, são lágrimas de crocodilo.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Crocodilo era o seu avô!

O Orador: - Nunca foi dito que era por incapacidade que as câmaras municipais não gastavam as verbas. 0 PSD também, tal como disse há pouco o Deputado do Partido Socialista, não é por falta de amor às câmaras municipais que votou a proposta; não é por irrealismo, mas sim por realismo.

Eu pergunto ao Partido Comunista se não é mais real ter em atenção outras condicionantes da vida política nacional e da vida do povo português. Teremos que sopesar todas as questões nacionais e não apenas, demagogicamente, como o Partido Comunista hoje faz, defender à outrance a aplicação da Lei das Finanças Locais quando ele sabe que é perfeitamente impossível a sua aplicação neste momento e com o espaço de tempo que medeia até final.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PCP: - Falso!

O Orador: - Sabe isso muito bem e apenas pretende fazer aqui demagogia. É neste sentido que o Partido Social-Democrata o acusa, realisticamente, de fazer demagogia e não estamos longe do tempo em que nós aqui, neste hemiciclo, vos vamos pedir contas do que neste momento estão a defender.

Risos do PS e do PCP.