Sr. Presidente, V. Ex.ª acertou, e estou inteiramente de acordo consigo - já não estando tanto de acordo com a sua impaciência quando me quis conceder a palavra -, mas estou de acordo com V. Ex.ª quando logo no início desta sessão declarou formalmente e com toda a dignidade que estávamos aqui para receber uma comunicação feita pelo Sr. Presidente da República e nada mais. O que estamos aqui a fazer é a perder tempo e sou levado a pensar que há nesta Assembleia muita gente com a frustração de não terem tido, durante dois dias e três noites, a oportunidade de discutir as moções de censura.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

Vozes do PS: - Outra vez?

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes, não partilho, naturalmente, da opinião que emitiu.

Uma voz do PS: - Isso acontece todos os dias!

O Orador: - Certamente!

Além do mais, gostaria de dizer-lhe que creio que o Sr. Deputado acabou de incorrer num erro: é que nós não assistimos a uma comunicação do Sr. Presidente da República a esta Câmara, pois ele não se dignou comunicar coisa alguma a esta Câmara. O que assistimos foi à leitura de um comunicado lido à imprensa. Nesse sentido, pergunto ao Sr. Deputado se entende ou não que o orgão máximo da soberania se deve pronunciar sobre uma situação de crise que se vive no País ou se, pelo contrário, devemos entregar os destinos deste país a uma pessoa que tem governado contra a vontade popular.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Vasco da Gama Fernandes.

O Sr. Vasco da Gama Fernandes (Indep.): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Penso que se trata de uma questão vesicular. Já percebi que o Sr. Deputado Aires Rodrigues tem o Sr. General Ramalho Eanes na vesícula. Eu não tenho nada com isso.

Limitei-me simplesmente a fazer uma crítica como entendia que devia fazer. O Sr. Deputado Aires Rodrigues entende o contrário, e está no seu direito. Aliás, passámos quase a vida inteira a discordar um do outro.

Simplesmente apercebi-me de algumas novidades da parte do Sr. Deputado, ou seja, de que o povo português, do Sul ao Norte - resta-me saber de Leste a Oeste -, está todo com o Sr. Deputado Aires Rodrigues. Quero dizer-lhe que isso não é verdade.

O Sr. Aires Rodrigues (Indep.): - Peço a palavra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - O Sr: Deputado está a pedir a palavra para discutir assuntos pessoais, o que não pode ser.

Como mais ninguém quer usar da palavra, está encerrada a sessão.

Eram 17 horas e 30 minutos.

O Chefe da Divisão de Redacção, José Pinto.

Deputados que entraram durante a sessão:

Partido Socialista (PS)

Alfredo Fernando de Carvalho.

António Chaves Medeiros.

António Fernando Marques Ribeiro dos Reis

António José Sanches Esteves.

Carlos Alberto Andrade Neves.

Carlos Manuel Natividade da Gosta Candal

Eduardo Ribeiro Pereira.

Etelvina Lopes de Almeida.

Fernando Tavares Loureiro.

Francisco Cardoso Pereira de Oliveira.

Francisco Manuel Marcelo Monteiro Curto

João Alfredo Félix Vieira Lima.

João Francisco Ludovico da Costa.

João da Silva.

Joaquim Manuel Barros de Sousa.

José Cândido Rodrigues Pimenta.

José Maximiano de Albuquerque de Almeida Leitão

Luis Filipe Nascimento Madeira.

Partido Social-Democrata (PSD)

António Coutinho Monteiro de Freitas.

António José dos Santos Moreira da Silva.

António Júlio Simões de Aguiar.

Carlos Alberto Coelho de Sousa.

João Vasco da Luz Botelho Paiva.

José Adriano Gago Vitorino.

Nicolau Gregório de Freitas.

Centro Democrático Social (CDS)

Adelino Manuel Lopes Amaro da Costa.

Francisco Manuel Lopes Vieira de Oliveira Dias.

Henrique José Cardoso Menezes Pereira de Morais.

José Duarte de Almeida Ribeiro e Castro.

Luís Aníbal de Sá de Azevedo Coutinho.

Luís Esteves Ramires.

Partido Comunista Português (PCP)

Carlos Alberto do Vale Gomes Carvalhas

Francisco Miguel Duarte.

Jaime dos Santos Serra.

Joaquim Gomes dos Santos.

Octávio Floriano Rodrigues Pato.